Meses atrás, diante das primeiras fragilidades políticas do presidente Bolsonaro, Olavo de Carvalho publicou vídeo em que sugeria ao povo apoiar a figura do Bolsonaro, ele mesmo, e não projetos ou ideias.

A militância bolsonarista que cercou o Palácio do Planalto hoje comprova o poder de influência do Olavo.

Hoje há um verdadeiro movimento que pode-se chamar Bolsonarismo. Eu o vejo da seguinte forma, ainda:

Bolsonaro comete alguns erros, principalmente em suas falas. Se expõe demais, desnecessariamente, fala demais, fala bobagens, se comunica muito mal, é reativo, temperamental. Mas, até que se prove o contrário, ele age pelo país. Diante dos fiascos midiáticos do presidente, ao olhar para seus opositores, que não passam de sanguessugas que drenam sem parar o dinheiro público em nome de uma pretensa democracia, eu reajo assim: “Ok, pois é, melhor continuar apoiando o presidente.”

Entretanto, observando o comportamento dos Bolsonaristas, encontramos uma característica muito indesejada. Eles agem de forma tribal e hostilizam prontamente quem porventura discorde de qualquer coisinha que o presidente faça. Xingam, criam apelidos, desqualificam todo e qualquer discordante como traidor da nação. Bolsonarismo já se tornou uma religião. Não há salvação fora dela.

Sim, o Bolsonarismo se tornou um Petismo de sinal trocado.

Há um atenuante aqui, até que se prove o contrário. A bandeira do Bolsonarismo é o conservadorismo, o desenvolvimento econômico via liberdade econômica e, principalmente, o combate a corrupção. Bolsonaristas cultuam seu Messias Bolsonaro fiando que ele não é corrupto e não aceita corrupção.

O petismo, por outro lado, é um movimento de igual intensidade, religioso, cuja bandeira é o socialismo, o progressismo social e o intervencionismo estatal, tanto comportamental, como econômico – ainda que por muitos anos seus presidentes bastante pragmáticos mantiveram políticas econômicas pró-financismo.

O Bolsonarismo vai por um caminho que eu, daqui do alto do meu anonimato, concordo e apoio. Mas temo. Essa idolatria política não é salutar, transforma-se em cegueira, despreza a racionalidade. Se isso não é uma cegueira seletiva prestes a cair no poço do fanatismo, só o tempo dirá.