A maturidade civil e política prega que num regime democrático é normal – e até esperado – que de tempos em tempos sejamos governados por indivíduos e grupos políticos dos quais não gostamos.

Por democracia entende-se também o governo da maioria sobre a minoria. O fato das minorias não aceitarem essa condição torna a democracia extremamente barulhenta. Vale no entanto lembrar que, apesar da canseira que dá, é melhor uma democracia barulhenta do que uma silenciosa ditadura.

Por outro lado, o genial Nelson Rodrigues afirmava há algumas décadas que “Toda unanimidade é burra”.

Cientes de que a maioria das pessoas não dispõe de conhecimento suficiente para fazer boas escolhas, entenderemos melhor como figuras como Dilma Rousseff ou Jair Bolsonaro chegam ao poder. Eles não são o ideal e o problema não está exatamente neles. Acredite, outros iguais ou até piores virão no futuro.

O problema está na natureza do regime. Sair bradando palavras emocionadas “em defesa da democracia” e depois maldizer a figura do Bolsonaro é a mesmíssima coisa que espremer limões e esperar como resultado, um adocicado suco de laranja.

O Brasil trocou a figura magnânima e culta de Dom Pedro II, a ser sucedido por Dona Isabel, a Redentora, pelo direito de escolher figuras como o autocrata Getúlio Vargas, como o alucinado Kubitschek, como o comunista João Goulart, como o egocêntrico Collor, o mensaleiro Lula, a Mulher-sapiens e o destemperado Jair Bolsonaro.

Cada um com suas conclusões. A minha é a de que Deodoro da Fonseca nos deve a dignidade.