Alinhando Atos e Palavras

Dias atrás, escrevi um texto em que comento que uma das maiores dificuldades das pessoas é tomar iniciativas na vida.

Hoje venho comentar que outra dessas grandes dificuldades das pessoas é estabelecer uma relação direta entre o que se diz e o que se faz.

Falar uma coisa e fazer outra é um comportamento que chamamos de hipocrisia.

Parece um defeito moral, mas não é; Ao menos nem sempre.

Pode ser uma dificuldade cognitiva – nem passa pela cabeça da pessoa que é de bom tom alinhar falas e atos.

Pode ser uma dificuldade cultural – se ninguém cumpre o que fala, por que EU haveria de cumprir?

E sim, pode ser uma dificuldade moral, e aqui a hipocrisia ultrapassa certa fronteira e torna-se dissimulação deliberada.

É o caso que envolve líderes políticos. Eles dizem uma coisa e fazem o oposto, deliberadamente e dissimuladamente. Sabem o que estão fazendo, e conhecem o poder de ludibriar o povo, o qual dá grande valor às palavras bonitas e belas aparências, pouco importa o cheiro pútrido de seus atos.

Lembro de um membro de uma Igreja, que já se ausentava havia praticamente dois meses dos cultos. Em reunião com os líderes, ele comentou que os cultos estavam enfraquecidos. Ora, os cultos estão enfraquecidos justamente porque seus membros se ausentam das reuniões. Se todos participam, o grupo se fortalece.

As pessoas dizem uma coisa, agem de forma oposta, não percebem a incoerência, e ainda apontam o dedo placidamente a quem faz a mesmíssima coisa.

Por isso creio que a hipocrisia quase sempre é cultural, questão de educação que vem de casa mesmo.

“Ora, COMO ASSIM eu tenho que agir de acordo com o que eu falo? Absurdo um negócio desses.”

Sim, seria de bom tom.

Mas às vezes, pelos mais variados motivos, falhamos nessa tarefa.

A vida é um emaranhado caótico de relações, discursos e ações. Nossa cognição e memória são no geral limitadas. Não dá pra esperar essa integridade entre palavras e atos o tempo todo. Eventualmente vamos falhar.

Esses dias um amigo muito próximo disse: “você falou que ia fazer uma coisa, e fez o contrário”

Ronaud, seu HI. PÓ. CRI. TA.

Eu, na verdade verdadeira, nem lembrava que havia dito tal coisa, mas devo ter dito sim, sem um compromisso especial com o que dizia, porque não imaginava que certa situação atingiria graus mais delicados.

Depois, por uma pressão pessoal em cumprir promessas anteriores, acabei mesmo fazendo o oposto do que havia dito.

Essas coisas estão sujeitas a acontecer.

Inclusive com esse meu amigo, que tem um olhar fortemente crítico, mas que também teve suas falhinhas em tarefas passadas.