Talvez você não goste do que vai ler aqui.

Talvez tenha experiências que refutem minha conclusão.

Mas observando certas peculiaridades do Marketing Digital nos últimos meses, cheguei a conclusão que o produto que mais vende na internet, aquele que deixa produtores e afiliados ricos, chama-se…

MENTIRAS.

Isso mesmo.

Quer ganhar dinheiro rápido e fácil? Invente uma mentira bem convincente e ofereça numa landing-page bem bonita e vai vender como nunca.

E não cobre muito barato não, porque mentiras baratas passam pouca confiança, sabe como é, né?

Marketing Digital

Eu já vivi uma fase muito boa de gerar renda através da exibição de publicidade online.

Como alegria de pobre dura pouco, essa fase boa acabou.

Ela foi de 2011 até 2016. E estou desde então me virando de outras formas.

Uma das formas que tentei e que não consegui sucesso algum – até agora, pelo menos (e não foi falta de tentar) – foi através do marketing de afiliados.

A renda que eu obtinha anteriormente era via CPC, isto é, ganhada na base dos cliques obtidos nos anúncios exibidos nas minhas páginas. Como minha rede de sites tinha um volume de acessos que ultrapassava o milhão por mês, cheguei a tirar um bom montante mensal.

O marketing de afiliados funciona na base do CPA, isto é, com renda obtida na base da venda, via comissão.

Esta última, portanto, é mais difícil.

Mas o que mais me atrapalhou nesta tarefa, foi minha própria consciência.

Eu não produzo nenhum produto efetivamente meu, então procurei os tais infoprodutos dos outros para vender como afiliado (espécie de representante comercial online), oferecidos nos sites hotmart e monetizze.

Mas algo me incomodava nesses produtos.

A maioria eram, e são ainda hoje, produtos para emagrecer, para ganhar dinheiro na internet, na loteria e para resolver impotência ou ejaculação precoce. Todos dizem respeito a necessidades urgentes das pessoas, baseados em seu sofrimento.

Porém há um problema, que você sabe qual é: Nenhum deles funciona.

Pra mais de 90% desses produtos são enganações.

E vou dizer porque.

Emagrecer, resolver problemas sexuais ou ganhar dinheiro são coisas que só se obtém mediante um longo tratamento, ou trabalho.

Não existe fórmula mágica.

O que me incomoda nesses produtos é que seus autores se prevalecem do sofrimento alheio para ganhar dinheiro. É um dinheiro sujo, fruto da enganação.

A maioria desses produtos digitais não passam de técnicas psicológicas manipulativas que nada mais são do que formas de arrancar dinheiro dos outros. Até os “testemunhos” de gente que supostamente já comprou e gostou do produto são fake, inventados. Chegam a reproduzir o sistema de comentários do Facebook como se as pessoas estivessem comentando positivamente. Tudo inventado.

Eles são muito mais uma forma de redistribuição de renda, isto é, pegar aquele dinheirinho que não vai fazer falta (ou que vai fazer bastante falta) para alguém, e passá-lo para outra pessoa, deixando uma comissãozinha para todo aquele que participa do “processo criativo” da mentira do produto.

Emagreça 60 kg em 6 horas

Talvez… TALVEZ as técnicas que esses autores ofereçam funcionem, caso sejam seguidas à risca. Mas ninguém segue, caramba. Se houvesse disciplina a pessoa estaria na Academia, e não perdendo dinheiro tentando emagrecer de forma mais fácil.

Se as palavras Emagrecer e Fácil estiverem na mesma frase, então esta frase precisa ser lida com cuidado.

Você só emagrece através de duas atitudes: Comer menos e se exercitar mais.

Ganhe 1000 reais por dia no Facebook

As técnicas digitais que favoreçam vendas, especialmente se forem vendas de produtos reais ou produtos digitais realmente funcionais, que se aprendem em cursos de Marketing Digital podem ser realmente muito válidas de se aprender e implementar para o seu produto.

Mas para a maioria dos produtos que prometem ensinar a ganhar dinheiro, vale nunca esquecer de duas regras:

1 – Quem ganha dinheiro é quem está vendendo este treinamento.

2 – Quem realmente sabe ganhar dinheiro, continua lá quietinho trabalhando e ganhando dinheiro. Essa pessoa JAMAIS vai ensinar outras pessoas a ganhar dinheiro na mesma atividade dela, por uma questão bem óbvia: a concorrência só é bom para o consumidor; para o empresário, quanto menor, melhor.

Ou você já viu o Mark Zuckerberg vendendo cursos para criação de novos Facebooks?

O ditado é infalível: Quem sabe faz, quem não sabe ensina.

Acabei de ver uma palestra de um Digital Marketer, onde ele mostrava modelos de funil de venda. Num deles ele falava algo que já vi vários caras falarem: Focar os esforços em aumentar a base (de leads) e não em vender.

Mano que utopia é essa? Quem está começando não tem condições nem recursos pra botar fora angariando uma base da qual você não terá qualquer garantias de vendas futuras.

E enquanto ouvia a palestra, o cara falando dos esquemas de funil de venda, me ficou CLARO que ele não aplica aquilo.

Tenha a mesma potência de um Ator pornô

A impotência sexual é um problema de ordem fisiológica, com causas que eu acredito serem psicológicas. Já comentei sobre esse assunto aqui: Veja.

A única forma que me parece razoável para vencer a impotência é através de uma reestruturação da vida, de um tratamento psicológico e fisiológico ao mesmo tempo.

PRODUTO isso, PRODUTO aquilo, PRODUTO iss’outro

Há muitos cursos sobre marketing digital. Boa parte dos cursos, em especial de estratégias gerais ou de copywrite, falam muito, o tempo todo, em produto, produto, produto“porque você cria um produto, depois outro produto, e daí outro produto e tal tal tal”.

Tipo, o caminho natural das coisas é que você tenha um produto seu criado por talento próprio ou familiaridade com o segmento. Daí você busca formas de vender ele online e de otimizar essas vendas caso já esteja vendendo, ok? Nem sempre. Nesses cursos, tudo é sempre considerado na intenção de encontrar formas mirabolantes de fazer o cliente comprar mais e mais de você mesmo. Nenhum cara desses cursos frisa a importância de você ter produtos que realmente resolvam problemas de forma efetiva e ética.

Todo o discurso visa elaborar formas de arrancar dinheiro das pessoas através de retóricas persuasivas.

No final das contas o comprador não precisa de todos aqueles produtos, talvez precisasse mesmo de um só, o primeiro que o chamou a atenção. Mas ele compra compulsoriamente porque foi imbuído da crença de que são os produtos que vão resolver seus problemas.

Eu passei por isso nessa minha trajetória de estudo sobre marketing digital. Fiz um curso, não foi suficiente, fiz outro, comecei a tentar vender. Vendia um produtinho ou outro, mas não aquela venda recorrente que eu esperava. Daí comprei mais uns 3 cursos. O terceiro acabei abandonando. Mas sigo pagando as parcelas no cartão.

E a resolução efetiva do problema que eu tinha, que era vender de forma recorrente?

Não encontrei.

Porque o problema é um problema complexo que não vou resolver através de cursos. Se o sujeito não souber a hora de parar, ele vai ficar bitolado e paranoico em busca da informação oculta e decisiva que vai fazer ele vender de forma recorrente através de infinitos cursos.

Ora, na maioria dos casos, produtos realmente resolvem problemas, de forma clara, comprovada e verificável, mas não os produtos que os rapazes chamam de big-nichos:

Emagrecimento, Rejuvenescimento, Impotência Sexual, Ganhar dinheiro, Conquista e Sedução, Charlatanismo quântico

Os super nichos das promessas impossíveis.

Ora, emagrecer, rejuvenescer, levantar, enriquecer, conquistar a pessoa amada ou transformar a vida magicamente são objetivos relativos, porque dependem de muitos fatores, que nem a ciência conhece direito ainda.

Esses produtos trazem promessas que se prevalecem sobre a angústia e ansiedade das pessoas – que os marketers chamam de dor – que faz com que as pessoas, ignorantes em sua maioria, queiram resolver problemas complexos de forma fácil, sem esforço.

Me engana que eu gosto

Há um fato nisso tudo, uma verdade chata mas que precisa ser dita: os compradores também são culpados por esse cenário de produtos mentirosos serem tão bem sucedidos.

A verdade é que as pessoas adoram ser enganadas. Elas amam ser iludidas. Viver a ilusão da compra de um produto mentiroso é um prazer semelhante ao do sujeito que bebe para se refugiar da angústia que é estar vivo.

As pessoas têm uma certa dificuldade com as verdades duras da vida, e preferem as mentiras suaves e reconfortantes; preferem as promessas de uma salvação definitiva, seja no âmbito religioso, seja no âmbito político, seja no âmbito da busca pelo caminho mais fácil.

Buscar o caminho mais fácil é seguir pelo caminho da corrupção. E nessa relação, são culpados o corrupto e o corruptor.

Contas bloqueadas

Como já comentei anteriormente, venho estudando Marketing Digital, a fundo, desde fevereiro deste ano. Nessa busca, que infelizmente vem sendo mal sucedida, eu sempre quis algo de forma muito clara:

Encontrar uma forma de angariar uma renda paralela (que possa vir a ser a principal), porém sustentável e minimamente controlável. Isto significa vender produtos de forma constante e recorrente. Realmente não quero estar sempre correndo atrás de coisas novas pra aprender, porque isso cansa no longo prazo.

No meu caso, eu nem precisei me atualizar porque nem cheguei a encontrar esta renda recorrente… ao menso não ainda.

Justamente por essa postura, eu fiz questão de não entrar para estes big-nichos, por várias razões:

Eles são mentirosos. São produtos inconstantes, sujeitos a altos e baixos. A concorrência é grande.

E a prova de que esses produtos são mentirosos é que praticamente todos os anunciantes desses produtos mentirosos terão, mais cedo ou mais tarde, suas contas excluídas do Facebook Ads ou do Google Ads.

Porque mesmo que essas empresas queiram ganhar dinheiro através da veiculação de anúncios, elas não aceitam que se venda produtos ineficientes, sob risco de terem suas marcas associadas a produtos de péssima reputação.

Vários dos cursos de Tráfego pago, especialmente de Facebook Ads, já vem com aulas que ensinam a obter várias contas, falam de “contigência” etc.

Contingência aqui significa insistir na pilantragem.

Pra mim, não dá. Eu pergunto:

Dá pra apostar a vida num segmento tão instável? Vendendo produtos que são rejeitados até pelas empresas que mais querem ganhar dinheiro?

Que tipo de valor você está gerando pra sociedade que faz parte?

O fato da minha busca estar sendo mal sucedida se deve exatamente porque acabei escolhendo segmentos não tão badalados, nichos normais ou até nichos pouco procurados, e o nível de vendas é relativamente baixo.

Tem gente enriquecendo vendendo esses produtos mentirosos dos big-nichos? Tem.

É uma atividade ética? Não.

Algumas observações

1 – Boa parte dos agentes que trabalham com vendas no nicho de emagrecimento, são gordos. Isso não quer dizer nada especificamente. Mas… né… ?

2 – Todos os caras que trabalham no nicho de ganhar dinheiro, fazem cursos sobre como ganhar dinheiro. O que não faz muito sentido. Não é uma pirâmide no sentido criminal do termo, mas é uma pirâmide no sentido insustentável. Se a pessoa aprende a ganhar dinheiro, o normal é ela continuar ali ganhando dinheiro; por que ela iria deixar de investir sua energia em ganhar ainda mais dinheiro para criar um curso sobre ganhar dinheiro?

Você está no meio da floresta e encontra uma mina de ouro. Se você for uma pessoa normal, compra mais picaretas e contrata pessoas pra extrair o máximo de ouro que puder. Se você for um Digital Marketer, vai pro seu notebook e cria um curso Fique Rico Encontrando Minas de Ouro.

3 – Marketing digital funciona, evidentemente, porque nem todos os produtos são digitais ou infoprodutos e nem todos eles prometem emagrecimento, potência sexual ou ganhar 100 reais por dia vendendo ebooks que ensinam a ganhar 100 reais por dia.

Cursos de Marketing Digital serão muito úteis se você possui algum produto real ou digital porém verdadeiramente útil.

4 – Boa parte dos caras que trabalham no segmento do auto-desenvolvimento místico, prometendo poderes mentais de transformação radical na vida envolvendo lei da atração e tentativas superficiais de cientificar visões esotéricas através da física quântica, são sujeitos absolutamente normaizinhos sem o menor poder de transformar radicalmente a própria vida.