Ano passado, nós nos digladiamos, como povo, pela escolha do futuro presidente da república.

Defendemos nossas visões, fizemos inimizades, saímos das eleições todos um tanto cansados, uma parte esperançosa, outra desesperada.

Eu optei pelo Bolsonaro. Essencialmente por 3 motivos:

1 – via uma necessária uma alternância de poder;

2 – pelo viés liberal na economia, que é o que acredito que pode nos levar à prosperidade;

3 – e principalmente, contra o governo PT, em quem votei por algumas vezes, e que me ficou, no final das contas, como um grande canto da sereia. Nos atraiu no começo para nos afogar no final. E aqui nem me refiro somente à corrupção desenfreada para se manter no poder, e sim, por representar políticas econômicas que, no final das contas, são ineficazes.

Não acho que o governo Bolsonaro esteja indo tão mal.

Em poucos meses, os homicídios no país reduziram-se em 22%, vemos o corporativismo público ser aos poucos desmontado, a infra-estrutura vê um choque de desenvolvimento por onde o Ministro Tarcísio de Freitas anda, e o desemprego finalmente começou a cair, apesar de muito lentamente.

E este “lentamente” tem me mostrado e feito entender que a prosperidade não virá tão cedo, se é que virá.

Um dos grandes problemas econômicos do Brasil é que o nosso motor econômico sempre foi o  governo. Um falso motor, é verdade, porque movimenta a economia com dinheiro tirado da própria economia, na forma de impostos.

Um motor que quanto mais gasta, mais faz girar a economia. Porém como ele tira sua fonte de renda da própria economia, ele tem que gastar sempre mais e mais, até que sua dívida fique, como de fato ficou, insustentável.

Eis que, atualmente, devido ao teto de gastos, o que foi uma medida extremamente necessária, pois não faz sentido um governo gastar mais do que arrecada, enfim, devido ao teto de gastos, o governo não pode mais gastar indefinidamente, e portanto, deixa de ser o grande impulsionador da economia.

Então caberia aqui fortalecer aquele que é o verdadeiro e autêntico motor econômico, a iniciativa privada e o consumo das pessoas. Os quais começam a agir a partir de investimentos na cadeia produtiva.

E aqui entra a grande falha deste atual governo.

Nenhum empresário investe onde não vê perspectivas de médio e longo prazo, uma vez que os investimentos levam certo tempo para retornarem.

E temos tido, nesse sentido, grande incerteza política. Toda semana o Presidente ou algum integrante importante de sua equipe próxima está envolvido em alguma polêmica, em alguma fala infeliz, em ataques desnecessários a gente irrelevante. Soma-se a este cenário uma imprensa que, apesar de em franca decadência, resta como uma imprensa militante, totalmente contra o atual governo, que omite as boas ações, e aumenta as ações ruins.

Grandes empresários estão receosos de voltar a investir num cenário tão instável como este. A verdade é que não sabemos se este presidente termina o mandato. E se terminar, não temos certeza que se reelege. A situação do presidente Maurício Macri na Argentina é emblemática; bastou uma prévia eleitoral demonstrando a forte possibilidade dele não se reeleger, e todo o sistema econômico veio abaixo. E se Lula volta a ser presidente em 2022? Eu acho improvável, mas em política não se pode ter certeza de nada. E se ele volta com toda aquela equipe de ministros de esquerda que veem no governo um grande balcão de negociações? Que empresário sério tem coragem de investir com uma perspectiva sombria destas?

Eu acredito que, se o presidente Bolsonaro quer ver mesmo a economia ser retomada, então precisa acalmar os ânimos, falar de modo mais diplomático, reduzir a animosidade, enfrentar a imprensa com altivez.

Deveria deixar pra voltar a dar tapão na orelha da Esquerda na campanha de 2022.

Mas parece que não é isso que deve acontecer.

Sem estabilidade política, não há confiança do empresariado. E sem confiança do empresariado, não tem investimento, e não tem crescimento.

Poder de compra

Há outro motivo que me faz crer que o Brasil dificilmente se tornará novamente um país próspero, e não tem muito a ver com o atual governo, e sim com a condução econômica dos últimos anos.

O fato é que a inflação dos últimos anos corroeu nosso poder aquisitivo. As coisas hoje custam 40, 50% a mais do que há 5 anos, no entanto, nosso nível salarial é praticamente o mesmo.

O Real é uma moeda que se desvalorizou muito, e hoje, basicamente lutamos pra pagar as contas. E para contornar isso, precisaríamos voltar a ter ganhos reais sobre o preço das coisas. O que sabemos que não vai acontecer, num momento em que temos 12 milhões de desempregados e cerca de 24 milhões de sub-ocupados.

Volto a insistir: Aqui não criamos uma microsoft, um windows, um google, um facebook, um whatsapp, um youtube, uma APPLE que, sozinha, vale mais do que todas as empresas da BOVESPA.

Nosso investimento em Ciência e Tecnologia é pífio.

Nós basicamente não criamos produtos inovadores, portanto, não criamos riqueza.

E é sem riqueza que, muito provavelmente, continuaremos.

E sem riqueza, ninguém compra. Se ninguém compra, o país não cresce.

E não “toma jeito”.