Até hoje eu praticamente só taquei o pau no Marketing Digital.

Embora eu seja absolutamente favorável ao Capitalismo e a Sociedade de Livre-mercado, e embora já faça tempo que entendo que vendedores costumam ser pessoas muito valorosas, sempre tive comigo uma coisa de abominar quem queira me forçar a comprar algo que eu não estou precisando e, pior ainda, quem force a venda a pessoas ingênuas fazendo promessas impossíveis ou impraticáveis ao comprador.

Embora haja sim produtos e técnicas de marketing digital muito questionáveis, não são todos – atualmente são na verdade uma minoria.

Há muitos produtos digitais bons: ebooks realmente instrutivos, cursos online realmente densos e úteis, assinaturas de serviços que as pessoas realmente precisam.

Não me faça perder tempo

Normalmente o grande e velado benefício destes produtos digitais todos é a economia de tempo e esforço que permitem às pessoas. Ora, realmente muitas informações desses produtos já estão disponíveis na internet, mas estão espalhadas, fragmentadas, interrompidas por publicidade etc. Dá um trabalhão e vai um tempo enorme até encontrarmos e processarmos tudo isso. Agora, quando você compra um ebook, ou um curso, ou uma assinatura, você paga normalmente valores irrisórios, quase sempre super parcelados, para ter tudo ali prontinho na sua mão, é só sentar e ver / estudar.

Marco Polos digitais

E há muitas técnicas de marketing digital válidas. Embora algumas apelem demais, o fato é que a população é muito grande, e a informação muitas vezes (sempre) tem dificuldade de chegar até as pessoas. Ainda mais nesta nossa época de mídia fragmentada por redes sociais.

Quantas vezes você descobriu algo legal na internet e você vai ver a data, aquilo já está publicado há anos?

Quantas vezes você não tem a menor noção de algum assunto que já está na boca de todo mundo?

Por mais aparentemente onipresente que pareçam as mídias contemporâneas, certas informações ainda encontram obstáculos intransponíveis até chegar a nós. Existe uma falha na viralização; as informações não se propagam de modo uniforme pelas mídias digitais, talvez em grande parte devido ao conceito de bolha digital. Tempos atrás até escrevi um texto sobre isso, sobre o fato de que há coisas nesse mundo cuja existência talvez venhamos a morrer sem saber.

Então, neste sentido, ao menos para os produtos digitais, os muitos afiliados, que nada mais são que re-vendedores, fazem aquilo que vendedores fazem desde o início dos tempos: vencer as dificuldades de tempo e espaço para levar produtos, informações e novidades legais até as pessoas, estejam onde estiverem (e ficar com suas devidas e justas comissões por isso).

A favor do Marketing

O Marketing é muito mal visto atualmente, não sem motivo. Há técnicas apelativas que abusam de certas fragilidades psíquicas das pessoas para fazer elas comprarem certos produtos que lhes são na verdade desnecessários.

Mas há uma série de argumentos favoráveis ao Marketing, principalmente no sentido de divulgação.

Marketing no final das contas significa Mercado. E mercado é isso que você já conhece, um ambiente onde as pessoas trocam coisas de valor visando facilitar a vida uma das outras.

Falando de forma geral, eu arriscaria dizer que o Marketing se baseia na seguinte premissa:

Tudo na vida é muito difícil e as pessoas estão sempre buscando formas de facilitar as coisas.

É difícil se manter com fome, então quanto mais fácil a comida nos estiver acessível, melhor. É difícil suportar as intempéries do clima, então quanto mais fácil roupas e abrigos nos estiverem acessíveis, melhor. É difícil ter acesso a coisas distantes, então carros e transportes em geral resolvem isso. E assim por diante para cada situação difícil da vida.

Fora isso eu sugeriria as seguintes visões que tornam o marketing algo não só positivo, mas fundamental ao nosso atual contexto de sociedade:

1 – As pessoas adoram comprar coisas (muito antes do capitalismo as pessoas já adoravam trocar coisas e viajavam longe pra isso – estude um pouco sobre Marco Polo e a motivação das grandes navegações portuguesas e espanholas). As pessoas adoram passear em lojas e shoppings, adoram comer bem, beber bem. Quem não compra algo legal na internet e não fica ansioso aguardando o item chegar? Os brasileiros em especial adoram comprar e não fosse esses governos que desgraçam nossa economia, o brasileiro gastaria ainda mais.

2 – As pessoas na verdade PRECISAM de coisas. A vida é muito rude e desconfortável para o corpo frágil do ser humano, o que faz com que ele precise de muitos objetos artificiais que o ajudem a viver seu curto tempo neste planeta de forma mais confortável.

As pessoas querem isso, porque elas precisam de uma solução, elas tão ali buscando por uma solução e elas tão disposta a pagar por isso. Elas vão comprar de algum lugar, então que seja de você que está oferecendo algo legal pra elas. (Elias Maman)

3 – As coisas que as pessoas precisam são de difícil produção e de difícil acesso. É importante que haja fabricantes, produtores, divulgadores, atravessadores, transportadores, vendedores, expositores que tragam essas coisas para perto de nós. Dá um trabalho desgraçado chegar com um produto novo na mão, e trabalho, você sabe, se fosse gostoso não seria remunerado. Fabricar as coisas do zero dá tanto trabalho que, deste ponto de vista, tudo é sempre muito barato.

O vídeo abaixo mostra como seria se você tivesse que produzir um hambúrguer do zero. Hoje você paga um hambúrguer gourmet por 20 reais na lanchonete mais próxima e acha caro. Se fosse fazê-lo do zero, levaria 6 meses e gastaria 1500 dólares.

4 – As pessoas nascem basicamente ignorantes. Elas não sabem como viver melhor, mas elas precisam desesperadamente de informações úteis sobre como tornar a própria vida e o dia a dia melhor. Informação tornou-se uma “coisa” passível de ser transformada em produto e vendida. E se for uma informação útil ela vai ser comprada, assim como todo produto físico útil será comprado por algum doido nesse mundo.

5 – Tem muita gente nesse mundo. Eu estou falando MUUUUUITA GENTE – A humanidade está chegando aos 8 bilhões a nível mundial. 220 milhões só no Brasil. Qualquer cidade média no Brasil tem 150 mil pessoas. É GENTE PRA KRL. É um mundaréu de gente precisando do que foi comentado nos itens 1 e 2 e justificado os itens 3 e 4.

6 – Os interesses desses milhões de pessoas varia ao longo da vida delas, ao longo das modas e ao longo de um ano. A jovenzinha de 16 anos magrinha de hoje que nem sonha com seu ebook sobre emagrecimento poderá ser uma grande compradora dele quando a fisiologia de seu corpo passar a acumular peso daqui há alguns anos. Tem que anunciar sempre porque sempre vai ter gente querendo o seu produto. SEMPRE!

7 – A ignorância natural das pessoas não diz respeito somente a formas como fazer as coisas práticas do dia-a-dia mas também diz respeito a como ela vai encontrar a informação que vai ajudá-la a fazer melhor as coisas práticas do dia-a-dia. É uma tragédia existencial, mas é assim que esse mundão de Meu Deus funciona. O vendedor que pega a pessoa pela mão e a conduz até encontrar a informação que ela nem sabe que existe e nem sabia que precisava, este vendedor vai enriquecer.

Se as pessoas estão procurando a gente, é porque elas tão procurando soluções para problemas.

Nesse momento tem alguém ajoelhado no pé da cama, ou rezando em algum lugar ou simplesmente meditando na sua varando olhando pro horizonte fumando um cigarro pensando: Meu Deus do Céu preciso resolver esse problema, me manda um sinal.

E muitas vezes o sinal que essa pessoa tá esperando é aquele seu post do Instagram, é aquele seu vídeo no Youtube, é aquele post no seu Blog.

Só que aquilo ali é só o começo. Você tem que levar essa pessoa da Mídia Social até a transformação.

Paula Abreu – Coach e treinadora de desenvolvimento pessoal

8 – No caso dos produtos digitais, há uma grande realidade por trás: Vivemos mergulhados num oceano turvo de informações. Tanto que os setores que mais empregam atualmente são setores informacionais. As empresas têm departamentos inteiros administrativos e de processamento de dados, naqueles andares inteiros cheio de gente olhando pra telinha do computador. Tá todo mundo ali processando informações. E nesse oceano turvo de lama informacional, encontrar informações específicas e ordenadas é muito difícil. Isso vale muito para as pessoas mais velhas mas também para as jovens. Lido com internet desde 1999 e conheço bem alguns hacks básicos (e lícitos) para encontrar quase tudo que preciso na rede. Mas tem o “quase” nesse caminho. Há coisas que simplesmente não encontramos. Daí vem o fundamento essencial de todo produto digital: Reunir num produto só, informações que estão dispersas cujo encontro é bastante trabalhoso. O que um produto digital oferece de original quase nunca são as informações e sim a economia de tempo e energia do comprador.

9 – A memória das pessoas é curta. As pessoas esquecem as coisas muito fácil. Exemplo: A pessoa faz um curso de pintura quando é adolescente e depois que se aposenta – ou durante a vida numa guinada profissional – quer se dedicar à pintura definitivamente. Vai ter que fazer outro curso e certamente outros cursos ainda. Em 2009 eu li uns 10 livros sobre investimentos na Bolsa de Valores, cheguei a operar e tal, mas tive que parar porque usei o dinheiro pra dar entrada na minha casa. Agora quero recomeçar meus investimentos e não lembro mais de bosta nenhuma sobre 80% do que estudei. Moral da história: Já estou com outros 2 livros sobre o tema na fila de compra 😉 As pessoas SEMPRE vão precisar e re-precisar das coisas indefinidamente. Anuncia que vai vender!

10 – Os produtos se depreciam. Alguns chamam isso de obsolescência planejada que é, sim, até certo ponto uma verdade. Porém muito antes do surgimento deste termo, a ciência já veio com outro, bem mais abrangente e razoável, o qual dito de forma simplória afirma que o universo favorece à entropia (é mais fácil quebrar uma caneca do que fazer uma caneca) e que tudo caminha em direção à própria dissolução.

Isso vale muito para produtos físicos. Se as coisas já caminham em seu destino natural para a depreciação, atualmente em nossa sociedade de consumo, na busca por custos cada vez menores, as coisas chegaram a uma qualidade inferior e basicamente não duram mais. Estaremos sempre tendo que comprar, e comprar de novo. Para os produtos digitais, as informações vendidas estão sempre se atualizando também. Há modas e tendências nos assuntos que estão sempre indo e vindo e nessa onda toda, tem gente que vende, porque tem gente que compra.

11 – Ronald Reagan afirmava que o melhor programa social é um emprego. Como discordar? Ora, a cada vez que compramos alguma coisa, qualquer coisa, além de estarmos nos beneficiando com o bem adquirido, estamos também distribuindo nosso dinheiro pela sociedade e ajudando as pessoas envolvidas nas cadeias produtivas de cada produto a se sustentarem.

12 – Muitas vezes alguém pode argumentar que o Marketing Digital faz a pessoa comprar coisas que não precisa. Ora, de fato alguém pode comprar um Curso Online e não cursá-lo, ou cursá-lo e não utilizar o conhecimento adquirido depois. Mas as pessoas também pagam por academias que não frequentam, pagam por assinaturas de jornais que não lêem (acabei da cancelar uma assinatura assim mês passado), as pessoas também compram roupas que usam uma vez (ou nem isso) e depois nunca mais vestem, as pessoas também compram livros que não conseguem ler, compram casas e se arrependem, compram comidas que acabam sendo jogadas fora depois. O problema não é o Marketing, o problema está nas pessoas que consomem de forma inconsciente, sempre devido à própria ignorância natural da nossa espécie, comentado no item 4.

13 – Este (ainda é) é um mundo de escassez. Embora às vezes o mercado fique saturado de alguns produtos (quando então muitos deles somem ou baixam de preço), para muitos outros produtos a quantia de gente precisando (demanda) é muito maior do que a oferta, por isso aquele argumento que diz: “ah mas já tem tantos produtos no mercado“, ou “ah mas fulano já falou sobre esse assunto“, nem sempre é um argumento válido – quase nunca é, na verdade (sim, o mercado está saturado, mas de profissionais ruins).

Principalmente, para produtos mais personalizados, tipo cursos, por exemplo, o fato é que Aquela pessoa que fez Aquele curso, desenvolveu o curso do jeito Dela, com as estratégias Dela, com o preço Dela, com a personalidade e a energia pessoal Dela, que, por serem humanamente limitadas, não vão agradar nem “bater com a energia” de uma parcela enorme do público. O que você faz? Você cria outro produto, sobre o mesmo assunto, porém com a Sua abordagem, com a Sua estratégia, com a Sua experiência, com o Seu jeito e com o Seu resultado, os quais certamente vão agradar a toda uma outra parcela enorme de público. Qualquer um que já tenha feito mais de um curso online de autores diferentes sobre o mesmo assunto, já percebeu isso. É como bandas de Rock (ou qualquer outro gênero). O Rock é um só, mas as bandas cada qual apresenta sua versão do Rock, as quais agradam respectivamente diferentes perfis de público. E partindo dessa visão, nós vemos que…

14 – … há bastante mercado para todo mundo. O Sol nasce pra todos.