Um dos fenômenos mais sutis da internet é o que se relaciona com as idiossincrasias, isto é, a perspectiva que cada um tem do assunto abordado, no caso, dos blogs.
O autor quase sempre escreve em grego. E os leitores comentam em troiano. É muito engraçado você escrever um texto sob determinada perspectiva, sobre certo tema, e o leitor comentar através da caixa de comentários sob uma outra perspectiva completamente desconexa da que o autor tinha em mente. E se já é difícil agradar a gregos e troianos, o que diremos de gregos e troianos agradarem-se e entenderem uns aos outros? Difícil, não? Essas coisas sempre serão assim.
Não é que você escreveu mal. Não é que o leitor leu mal. São perspectivas. É inusitado, mas normal, e entendo o que acontece. E acho 10 receber esses comentários, desde que minimamente relacionados ao tema geral do site.
Não sei muito de comunicação não verbal, mas sei que ela é preponderante em nossas relações cotidianas com os outros.
O que você é fala tão alto que não consigo ouvir o que você está dizendo.
Ralph Waldo Emerson
O que o leitor quer demonstrar é que passou ali, no seu blog, que gostou do que leu, que gostou do blog de forma geral, e quis se manifestar, demonstrar que passou ali, que ele existe e reconheceu como agradável e útil a existência do blogueiro/autor, etc. Mas muito provavelmente o leitor não está com tempo para pensar no melhor e mais inteligente comentário do dia.
A certos blogueiros, que costumam usar mais o raciocínio do que o bom senso, deve ser difícil entender isso. Em uma certa ocasião eu levei uma “patada” de uma blogueira, que de tão inteligente, foi incapaz de usar o bom senso e relevar meu comentário troiano 🙂 Foi incapaz de perceber que o que eu queria era demonstrar que passei ali, que a achei muito inteligente e considerei seu blog muito pertinente. Mas ela foi incapaz de ler entrelinhas. As palavras dela: “C*ralho, odeio comentário que não acrescenta nada.” Não me pergunte agora qual é o meu conceito sobre a tal blogueira!!! Daí vieram textos como este.
É como quando você faz aquela rápida visita a um amigo, pai, mãe, parente querido. Você nem tem bem o que dizer e talvez nem tenha muito tempo pra ficar ali. Mas você vai, bate um papo rápido sobre trivialidades como o tempo/futebol/política e vai embora. O QUE FOI DITO NÃO É O IMPORTANTE, o importante FOI A PRESENÇA, O CONTATO, A ATENÇÃO.
Edmilson
08 de maio de 2010 as 23:33
Li tudinho, ja sofri com isso em outras áreas, muitas vezes é questão de tentar entender oque o outro pensou, mas muitas vezes se torna impossivel! principalmente quando a outra parte perde a educação
@jmpsousa
12 de julho de 2010 as 10:10
Interessante o ponto de vista abordado por você, de fato, nem sempre o comentarista tem tempo e inspiração para fazer um bom comentário e pra não passar despercebido, deixa uma frase mais sucinta.
Isso que você falou sobre alguns blogueiros afamados também é verdade, muitos não possuem o discernimento necessário ou se fazem de desentendidos, quando são criticados. Parecem que se acostumaram tanto com os confetes, que a crítica, mesmo construtiva, é sempre vista como ofensa.
Nunca tinha pensado sobre esse prisma.
Gostei muito do seu texto e até indiquei no twitter. Abraços!
ronaud
12 de julho de 2010 as 12:34
José Márcio
Obrigado por suas palavras. Creio que ao menos uma observação é pertinente nisso tudo: Que o comportamento, tanto de blogueiros como de comentaristas está mudando, está!!!