Se é uma lição que aprendi desde que comecei a “escrever” (muitas aspas nessa hora), é como é difícil escrever bem.

Saber escrever as palavras corretamente e construir frases concordantes entre si é pré-requisito. Muito mais difícil é encontrar as palavras mais adequadas para o que se quer comunicar – o que exige um bom vocabulário (e um dicionário sempre disponível) e pior ainda é conseguir construir um texto com começo, meio e fim.

Há quem pense que letras e matemática são matérias completamente opostas.

Não são.

Assim como para calcular e encontrar valores você precisa perceber e enunciar precisamente o problema, construir um texto com conceitos bem entrelaçados é como construir uma álgebra:

Primeiramente você comenta X.

Segundamente você comenta Y.

Posteriormente você sugere juntar X + Y.

E finalmente, conclui que X + Y = Z.

Você pode não querer convencer ninguém, como é o meu caso. Porém todo texto com um viés mais filosófico quer comunicar um ponto de vista, isto é, quer persuadir o leitor da validade do ponto de vista do escritor. Mesmo os textos narrativos querem comunicar fatos inteligíveis, mesmo que ficcionais, mesmo que para mero entretenimento.

Portanto, não, não é fácil escrever bem, porque não é tão simples pegar o leitor pela mão e conduzi-lo até onde você quer.

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Daí o desgosto que se sente quando encontramos uns e outros metidos a escritor que jogam quatro ou cinco frases desconexas em sequência e JURA que tá dizendo grande coisa.

Nesse caso, além dos requisitos comentados acima, falta EXPERIMENTAÇÃO ao indivíduo. Você pode ter ótimas idéias, mas primeiramente dê uma espreitada por aí (internet) se já não falaram o que você quer dizer. Ou mesmo, se você não está querendo comunicar enormes bobagens.

Veja bem…

…não há nada demais em comunicar bobagens, é o que mais se faz atualmente. DESDE QUE você tenha plena consciência de que o que está querendo dizer pode realmente constituir uma grandiosíssima besteira 🙂

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A propósito, se quiser comparar por conta, faça o seguinte. Pegue um livro de auto-ajuda que esteja na moda – como Augusto Cury ou mesmo algum romance do Paulo Coelho (me perdoem os fãs desses autores), leia, e posteriormente, leia um grande clássico da literatura brasileira, como Machado de Assis, por exemplo, ou mesmo autores contemporâneos reconhecidamente BONS como Luiz Fernando Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro, Lygia Fagundes Telles, Jô Soares, etc.

Vai perceber com clara nitidez o que estou querendo dizer aqui.