Hoje no twitter um perfil publicou a seguinte passagem:

Quando eu tinha 1 ou 2 anos de OAB, desabafei com meu pai que achava ter feito a escolha errada, e seria melhor ter aberto um comércio na cidade natal, pois meus amigos que foram por ali estavam comprando carro e eu nem me sustentava ainda. Ele, em tom sábio, me desafiou: “É! vamos ver onde cada um de vocês estará daqui a 5 anos.” Hoje, 12 anos de OAB e 10 após a conversa, vejo que meu pai, mais uma vez, estava redondamente enganado. Meus amigos comerciantes estão comprando carro 0km de R$ 150mil e eu tô achando 300 reais muito dinheiro pra teclado+mouse branco.

A maioria das respostas ao tweet concorda e afirma que está no mesmo nível.

A verdade é a seguinte:

Sob o critério FINANCEIRO, o estudo formal (em faculdades) já foi muito importante no passado. A sociedade mudou e hoje essa ideia de que só o estudo salva a vida financeira da pessoa é uma grande fakenews.

Faculdade só é fundamental para quem está convicto de querer atuar em alguma profissão que só se possa exercer com a posse do diploma: Medicinas em geral, Engenharias em geral, Direito e outras profissões regulamentadas que só se possa exercer com formação em Universidade.

Para todas as outras profissões não regulamentadas, você não precisa de faculdade. No máximo vai precisar de um curso técnico da área e algum estágio inicial para aprender prática da profissão. Ou seja, o estudo e o conhecimento ainda são importantes, mas de forma mais criteriosa e objetiva.

Esta é a grande realidade vedada aos jovens para que as Universidades continuem sendo os grandes caça-níqueis que são.

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Tenho um conhecido que instala ar-condicionado. Durante o verão chega a instalar, com o auxílio de dois funcionários, cerca de 4 ares-condicionados por dia, às vezes, mais. Cobrava 450 por uma instalação. 4 x 450 = 1800 por dia. 1800 x 5 dias úteis = 9000 por semana, cerca de 36 mil por mês. Mas dá mais, porque esse é o preço de ar-condicionado pequeno, os grandes, cobra-se mais. Entre Dezembro e Fevereiro deve tirar tranquilamente uns 120 mil reais. No restante do ano vai trabalhando de leve, pegando tarefas menores. Vale lembrar que já deve estar uns 10 anos no mercado.

Neste começo de ano apareceu com um carro 0km de 150 mil.

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O que dá dinheiro é resolver os problemas das pessoas. Quanto mais uma determinada área tiver problemas – como o calor infernal dos verões – mais dinheiro você ganhará. O povão precisa muito mais de ar-condicionado do que de resoluções judiciais.

Uma das respostas ao tweet inicial justifica bem porque o Direito já não é a área promissora de 50 anos atrás:

O Brasil tem mais advogados do que toda a União Europeia junta. Isso simplesmente acabou com a profissão. A culpa é do incentivo dado à abertura desenfreada de faculdades de Direito, cujo custo de sustentação é só folha de salários, do que outras áreas aplicadas.

Isso confirma uma observação minha: Muitos advogados conhecidos estão muito bem financeiramente, mas porque são professores numa conceituada Universidade daqui da região, e alguns outros, concursados.

“Na corrida do ouro, ganha dinheiro quem vende picaretas”

Outra resposta:

Muita gente tem a ilusão de que Direito dá grana porque desconsideram as 1001 variáveis disso: área de atuação (civil, criminal, ambiental etc), formação (qual universidade?), oportunidades (família já estabelecida no ramo, networking etc)… eles esquecem que a seleção já começa na Faculdade, quando o escritório A, super renomado, só contrata o aluno que estuda em faculdade nível A+++ (ricos)

Aqui temos uma grande verdade. As pessoas sofrem com a falta de noção geral da realidade dos ramos em que pretendem atuar. A todo jovem deveria ser dada a oportunidade de atuar por uma semana na área em que pretende se formar, antes sequer de entrar na Universidade.

Você só conhece aquilo que vivenciou. Forçar o jovem a fazer escolhas de profissões que, para ele só existem em sua imaginação, é até crueldade.

E por fim, esta resposta:

Eu tô aqui com 25 anos de formada e OAB e só posso dizer que … se tivesse que escolher novamente, faria tudo diferente. Recomeçar em outra carreira é difícil, ainda mais quando se precisa pagar as contas. Tive ganhos? depois de uns 15 anos, mas não dá pra ter uma vida boa.

“…mas não dá pra ter uma vida boa.”

Triste.

Conclusão

Só estude Direito se você quer muito ser advogado, promotor, juiz etc; ou se tem predisposição intelectual e pretende ser funcionário público.

Se você já conhece um pouco da realidade do segmento, tanto melhor. Se tiver familiares ou conhecidos no ramo que possam lhe auxiliar, ainda melhor.

Não decida baseado em sonhos, ilusões ou opiniões dos outros.

Tenha em mente que qualquer profissão técnica – consertos, instalações, etc – dá muito mais dinheiro a curto prazo.

O comércio também gira muito dinheiro. Tenha em mente que algumas áreas do comércio funcionam em ondas. Uma hora você vai ganhar muito dinheiro, e vai torrar tudo achando que essa onda vai durar pra sempre. Não se deslumbre, não seja extravagante, guarde o dinheiro, aprenda sobre investimentos conservadores, não invente moda, não existe investimentos mágicos.

Direito pode te deixar rico? Sim, se você tiver muita ambição, predisposição ao risco e coragem de assumir grandes processos, articulação mental para enfrentar os desafios e embates, disposição aos encontros para fomentar seu networking, e paciência para aguardar as resoluções. Atuar como Professor ou tentar um Concurso Público lhe darão mais estabilidade.

E como diria Pelé, é preciso ter um pouco de sorte também.