A passagem do tempo me desagrada.

Ela mostra minha impotência, falibilidade, meus erros, minhas omissões, meus descasos.

E mais do que minhas falhas, ela mostra que, por enquanto, ainda há tempo.

Mostra que devo errar menos.

Não suporto ver tantas pessoas queridas que conheci, afastadas.

Esse ir e vir de amigos me atordoa.

Ficaram para trás e, por mais (ou justamente por) que a amizade desconheça o tempo, as queria agora, aqui, reunidas, brindando, sorrindo.

Encarei o que fingia que não via. Eu, a quem tanto sensibiliza o sentimento de amizade, não sei manter amigos.

Aqui a acomodação e meu egoísmo falam mais alto.

Buscando sobreviver, ganhei proteção, perdi sorrisos.

E na ânsia de entender, deixei de sentir.

Sinto remorso por rever e relembrar das pessoas que poderia ter amado, e não amei.

A saudade dos amigos que não conheci, dói.

E os amigos que não me esforcei para manter, onde estão?

É da vida. Vida que segue!

***

Texto de 31 de dezembro de 2010.