Até umas 4 décadas atrás, não era tão difícil escolher uma profissão.

Havia menos opções – as opções mais intelectualizadas se limitavam basicamente ao Direito, Medicina, Engenharia ou partir pro Comércio – e havia uma necessidade incontornável de sobreviver.

Cada um se agarrava na oportunidade que encontrava e não podia reclamar muito.

Atualmente, o sistema de escolha vocacional é bastante desfavorável:

  • A sociedade como um todo está mais próspera, o que deixa mais tempo para as pessoas pensarem, e como diria Pascal, …”se o Rei pensa em si mesmo, é infeliz, por mais Rei que seja“.
  • Há muitas profissões novas disponíveis; algumas profissões antigas sumiram ou se adaptaram;
  • Nosso padrão de vida aumentou, fazendo o custo de vida atual mais alto, exigindo uma renda relativamente alta para mantê-lo, ao passo que a maioria dessas profissões novas, especialmente no brasil, não oferecem renda suficiente para tal;
  • Nosso sistema universitário se tornou um aglomerado de caça-níqueis, com faculdades caríssimas, o que justamente facilitou o surgimento de novos cursos, menores, secundários, ilusórios;
  • Sistema vocacional que prega que você tem que ter um curso universitário, os quais formam empregados, e não empreendedores;
  • No Brasil, especialmente, ser empreendedor é muito arriscado, o que faz com que os pais forcem seus filhos a estudarem uma faculdade e/ou para concursos públicos. Porém…
  • É no empreendedorismo, especialmente no segmento da indústria e do comércio, que está o dinheiro realmente GRANDE, que no fim das contas é o que a maioria das pessoas realmente quer.

Tudo isso não é repassado ao jovem, que se vê obrigado a escolher uma profissão ainda mal saído da adolescência, sem a menor noção de como o mundo funciona.

O jovem indeciso na verdade não está errado. A indecisão é fruto da circunstância vocacional atual, listada acima e agravada por outros fatores.

Há uma necessidade imperiosa da pessoa se sentir feliz e realizada no trabalho, o que não é impossível, mas é bastante difícil dada a contradição da situação.

Trabalho é trabalho, por mais linda que seja a atividade, costuma ser algo pesado, uma responsabilidade, normalmente trabalhar é resolver problemas, se trabalho fosse bom, os outros iriam querer fazer por nós. Tem um ditado que diz: Se trabalho fosse bom, não seria remunerado.

Por isso vemos tantas pessoas formadas em curso superior, ou concursadas, infelizes e enchendo o bolso de psicólogos, terapeutas, psiquiatras e donos de farmácia comprando remédios caros para depressão.

Na maioria dos casos, a saída é escolher o trabalho menos pesado e suportar, porque trabalhar é isso mesmo, um compromisso, uma responsabilidade que no fundo a gente não gosta e não quer.

Outro fator agravante nessa dificuldade contemporânea das pessoas se encontrarem na vida profissional, é que no fundo as pessoas querem dinheiro, e não fazer algo prazeroso, daí escolhem uma profissão técnica ou de faculdade quando na verdade deveriam ser empreendedores.

Levando em conta que ser Empreendedor, e dar certo como empreendedor, exige talentos bastante necessários: Coragem, (Muita) Disposição, Energia, Persistência, Visão de Negócio, Auto-confiança e na cadeia econômica, etc.

Talentos que muita gente que quer MUITO DINHEIRO, não têm…

E aqui chegamos a um ponto que muita gente não vai gostar de ler:

Às vezes nascemos para ser medianos mesmo, apenas uma engrenagenzinha da grande máquina social e econômica, o que é perfeitamente digno e legítimo, diga-se… E falo isso para dizer que ficar se cobrando demais com expectativas altas demais para si mesmo em relação aos próprios talentos pode ser ilusório demais, decepcionante demais, e fazer a pessoa perder muito tempo, acabando depressiva e amargurada.

Uma verdade que negamos em nós mesmos, é que quase sempre a busca pela felicidade no trabalho significa encontrar uma atividade leve, que não incomode muito. E essa busca no final das contas não passa de… PREGUIÇA; ou até mesmo, voltando ao parágrafo anterior, falta de talentos, ou mais fundamentalmente, falta de estrutura emocional para assumir determinadas funções / compromissos.

Dicas para Encontrar sua Vocação

Após toda a ponderação acima, há sim algumas dicas que podem auxiliar a pessoa a encontrar uma atividade que – se não a deixa feliz no dia a dia – ao menos lhe seja suportável.

Estas dicas são as respostas às seguintes questões:

• Quais são suas principais atividades fora do trabalho?

• Quais atividades você sempre gostou, mas deixou de praticar por falta de tempo?

• Seus amigos sempre te pedem ajuda sobre algum assunto? Que assunto é esse?

• Quais são os assuntos ou atividades que você domina?

• Sobre o que você mais gosta de conversar? O que te deixa entusiasmado?

• Quando criança, o que você sonhava em ser quando crescer?

• Se não existisse dinheiro, o quê você faria para ocupar seu tempo?

• Se você não precisasse de dinheiro para viver, e fosse inteiramente livre, o que faria durante seu tempo?

• Quem são as pessoas que você mais admira, e quais são suas profissões?

• “O que eu quero realizar nos próximos anos? (Viktor Frankl)”

• Quem você quer ajudar?

Invente, tente, faça diferente

Vivemos tempos diversificados, numa mega sociedade, super complexa, porém a vida e a natureza continuam sendo duras e hostis. Problemas pra resolver é o que não falta. Se a profissão que você quer não existe, considere inventá-la. É certo que suas habilidades inatas resolvem o problema de muita gente e talvez você ainda não tenha se dado conta.

É dar a cara a tapa e pagar pra ver.

O risco é o preço da oportunidade.

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