Anos atrás, eu comentei o porquê do meu desânimo com a profissão de webdesigner. E teve um aspecto da profissão que não comentei naquele texto, mas que comentei neste outro texto sobre marketing digital, no subtítulo Dependência e Instabilidade.

Trabalhar com tecnologia digital, especialmente software, possui uma peculiaridade que nunca vi comentada.

E que, fora o quesito financeiro, foi o que mais me cansou e me motivou a querer sair do ramo:

A constante inovação. A temível “atualização“.

Numa profissão “normal”, você atravessa uma curva de aprendizado.

Você começa sabendo praticamente nada, entra como aprendiz, vai desenvolvendo habilidades, até se tornar proficiente. Neste estágio avançado, você tem domínio da área, conhece os “como fazer” e também os “por que fazer”. E depois de uma década ou mais, o resultado da sua atuação profissional costuma alcançar a excelência. Você tem plena autoconfiança e até mesmo orgulho do que faz, porque APRENDEU a fazer bem feito e apresenta bons resultados.

Na área da Tecnologia da Informação isso praticamente não acontece. Tudo sempre muda o tempo todo. E você está sempre tendo que aprender as coisas do zero. No curto prazo, você jovem, cérebro zerado, é empolgante. Depois de 20 anos aprendendo coisas sem parar, cansa.

Nesta semana você realizou uma determinada tarefa; pesquisou, tentou, errou, corrigiu, terminou. Ano que vem, quando for realizá-la novamente, será fácil, ok? Afinal, já a realizou antes.

Nem sempre, quase nunca. Provavelmente no ano que vem ao realizar a mesmíssima tarefa, tudo terá mudado, e lá vai você começar do zero, pesquisando, tentando, errando, corrigindo. Sempre com mais complexidades. Esta semana tive que conectar um email de domínio particular ao gmail. Levei o dobro do tempo, porque os tutoriais da empresa de hospedagem estão desatualizados e incompletos (nem eles dão conta de atualizar as referências sobre as atualizações do próprio sistema), e os tutoriais do youtube estavam todos – eu assisti 3 – desatualizados.

Dez anos se passarão e você ainda estará correndo atrás de aprender como fazer as coisas, porque a infraestrutura está sempre se… atualizando.

É como se um construtor tivesse sempre que estar voltando aos edifícios antigos já construídos para “atualizá-lo” com as tecnologias e ~~~ inovações ~~~ atuais.

A odiosa Atualização

Esse negócio de atualização é algo que irrita até os leigos.

Quantas vezes você foi pego de surpresa, porque um aplicativo que você usa no celular parou de funcionar e você precisa parar tudo que está fazendo pra atualizá-lo? Às vezes você não tem WI-FI disponível na hora, ou não tem espaço no celular, daí lá vai você perder tempo desinstalando aplicativos que não usa.

Então você atualiza e vê que tudo mudou. Tudo aquilo que você sabia fazer na versão antiga, e que levou tempo pra aprender, agora não vale de nada.

Lá vai você levar tempo, com tentativas e erros, até aprender a usar a nova versão que os bonitinho acharam melhor pra você, sem nem ao menos consultá-lo(a). O sistema operacional Windows sempre foi campeão nessa postura invasiva de atualizar e mudar coisas que eram plenamente funcionais para formas esquisitas de fazer a mesma coisa de antes, só porque o Bill Gates achou melhor.

Eu sei bem que a maioria das inovações melhoram nossa vida. Mas das poucas coisas que eu odeio na vida, a tal da ~ inovação ~ é uma delas, principalmente as “atualizações” que só atualizam o nível de dificuldade de uso das coisas.