Ultimamente, ao menos ao meu redor, tenho visto muitas pessoas julgarem certas opções estéticas como “bregas” ou “cafonas”.
Eu, de fato, não gosto e acho feias essas escolhas estéticas que costumam ser ajuizadas como bregas ou cafonas.
Mas SEMPRE que alguém pronuncia a palavra ca-fo-na ou bre-ga para ajuizar alguma escolha estética, sinto um profundo desconforto.
Ora, QUEM É VOCÊ que se sente tão refinado, que tem tanta certeza sobre o próprio bom gosto, que se garante tanta propriedade assim para desqualificar as escolhas alheias? Desculpe, mas não.
Usualmente, detalhes estéticos tidos como cafonas não passam de modismos da indústria da construção e decoração, que passam a aparecer nas mídias, e que o povo, sem um gosto muito trabalhado, e carente de algum status social, acaba aderindo.
Eu não culpo as pessoas medianas por não serem exímias conhecedoras da cultura pop, da história da arte, incapazes de distinguir a originalidade autêntica do que é verdadeiramente charmoso. E não as culpo por quererem se sentir parte de um grupo superior ou exclusivo, seja para buscar validação social, seja para compensar a pouca estima que sentem por si mesmas.
Como é que vou ter cara pra dizer que aquela cabeceira de cama padrão que toda classe média usa é… argh… (desculpa)… ~cafona~ ?
Deixa o povo ser feliz, Meu Deus do Céu!
Mas o problema é bem pior.
O problema não é o povão que adere à modismos.
O problema é quem se sente digno, apto e com legitimidade para julgar as escolhas alheias.
Gente…
Em geral, são pessoas com poder aquisitivo bem mediano, mas com boa cultura, que lhes dá a propriedade de julgar as escolhas alheias.
Mas não lhe deu a capacidade de ficar quieto diante da felicidade alheia.
E piora.
Outro dia, vi uma pessoa dizendo que determinado ornamento arquitetônico é… brega.
Me contive e nada disse, para evitar discussões. Porque já vi essa mesma pessoa comprando, usando, valorizando e colocando na própria casa um sem número de itens que poderiam ser facilmente ser categorizados como bregas, e aderindo facilmente a incontáveis modismos bobos. Sempre para suprir sua carência inesgotável de status social.
Todos, TODOS os juízes do gosto alheio gostam e usam algum item brega, mas aí pode, porque é ele.
Balneário Camboriú
Tempos atrás já escrevi sobre este tema, voltado à cidade de Balneário Camboriú.
Balneário Camboriú é uma cidade próspera, rica, com altos níveis de emprego, alfabetização e segurança. Atrativos sem fim, vida noturna agitada. Uma praia central charmosa e várias belas praias agrestes ao sul.
O que o pessoal que tem horror ao sucesso alheio argumenta?
“ai mais eh huma cidadi cafônna”
Com todo o respeito, V.S.F, meu jovem.
O que é ser cafona?
Para mim, não há nada mais cafona do que ficar julgando as escolhas alheias.
É cafona, é presunçoso, é ressentido. É a pessoa que ao querer se pôr acima, imediatamente mergulha abaixo do que critica.
Não há nada mais brega do que se tornar sommelier das escolhas estéticas das pessoas simples, por medonhas que sejam.
Principalmente quando mal tem poder aquisitivo para fazer as suas.
Porque se tivesse, também escolheria um apartamento bem brega de frente para o mar de Balneário Camboriú.
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