Eu durante toda essa vida de pretenso estudioso da espiritualidade, desde muito cedo passei a acreditar que o inferno não existia. Acreditava que não passava de uma ameaça religiosa para que as pessoas simples passassem a pensar duas vezes antes de fazer besteira (e que dado o número de besteiras que as pessoas continuam fazendo, vê-se que foi uma estratégia bem fracassada).

Pois bem, esses dias me peguei pensando em questões morais. Pensei naqueles indivíduos tipo serial-killers incuráveis. Há certos tipos de criminosos que parecem in-regeneráveis.

O argumento contra a existência do inferno é simples: Como um Deus absolutamente amoroso lançaria suas criaturas para queimarem eternamente nas chamas?

Esse argumento possui uma condição: Que Deus seja absolutamente amoroso.

Mas todos nós já ouvimos de falar (e alguns passaram por) tragédias tamanhas que chegamos a nos perguntar: Onde estava Deus que permitiu que tal tragédia acontecesse, ora com tal pessoa, ora com grupos inteiros?

Talvez Deus não seja absolutamente amoroso.

Deus é supremo, mas não é bobo. Vai ficar “amando incondicionalmente” e nos perdoando até quando?

Minhas reflexões mais recentes me levaram a crer que sim, Deus nos dá muito mais do que precisamos, mas – e talvez justamente por isso – ele tem e mantém certas regras morais muito rígidas.

E talvez uma dessas regras seja a que se um de seus filhos, sua própria criação, dotado de livre-arbítrio, não for capaz de se regenerar mesmo após muitas chances de redenção, melhor que seja extinguido; consumido nas chamas eternas.

Quem sabe, para Deus, bandido bom é bandido virando cinza no inferno.