Acredito que a questão mais básica sobre a existência é a que questiona:

Afinal, Deus existe?

Eu acredito que sim, por uma razão muito simples: Eu também existo.

E você existe. E uma sociedade humana existe, e um planeta Terra existe, e um sol existe, e junto a ele existem mais uns bilhões de galáxias e estrelas. Tudo com uma estrutura microscópica e macroscópica hipercomplexa, com leis e funcionamentos próprios, cuja origem atribuída ao mero acaso soa um tanto imprópria.

Enfim, me parece óbvio que nada disso pôde ter surgido do nada. Ao contrário, analisado aos detalhes, tudo parece justamente ter surgido de forma muito bem planejada, a partir de uma força inicial, imensurável em qualquer sentido, mas claramente inteligente.

Na pior das hipóteses, o Universo é Deus. Ou, aparentemente, o universo foi criado e havia uma intenção em sua criação.

Porém esta questão inicial e básica sobre a existência se desdobra em outra. E esta, muito mais misteriosa.

Ora, Deus, como uma força autônoma, inteligente e propulsora da criação, aparentemente existe.

Agora, pergunta-se:

Deus (ou o universo) se importa conosco?

Dito de outro modo: Existe a misericórdia divina?

Religiosos de toda natureza tentam nos convencer a todo custo que SIM, que Deus não só se importa conosco, como “tem um plano para a nossa vida”. Outros, acreditam que o Universo reage às nossas influências, sob conceitos como a lei da atração, ou sob um conceito mais místico, como Neil Gaiman:

“Magia é uma forma de falar com o universo com palavras que ele não consegue ignorar.”

Mas sob muitos aspectos, parece que não, que Deus não está nem aí para nós.

Uma resposta que já ouvi sobre essa questão, e que me soou muito razoável, é que, se Deus existe, ele estaria para nós como nós estamos para um formigueiro. Nós basicamente não nos importamos com as formigas que caminham neste momento sob nossos pés. Da mesma forma, Deus não se importaria muito com a humanidade, afinal, “tem responsabilidades maiores para cuidar”.

Para essa questão, de modo particular, ultimamente, às vezes sinto, e tudo me leva a crer, que não, Deus não se importa muito conosco. Em muitos momentos, como você também deve sentir, a sensação de desamparo é avassaladora.

Por outro lado, existe a questão moral. As questões morais e éticas estão tão presentes no nosso dia-a-dia, que sentimos que fomos colocados aqui nesse planeta justamente para sermos testados.

E se estamos sendo testados, é porque Deus se importa, e muito, com o direcionamento que damos às nossas vidas.

Tanto que, em muitos momentos, e em muitas ocasiões, normalmente de tragédias incompreensíveis, Deus parece ser muito intransigente em suas leis, sendo, sob certo aspecto, ele próprio a lei, e sua aplicação. Tal aspecto divino é marcantemente notado nos textos do Antigo Testamento Bíblico, onde descreve-se um Deus que castiga, intransigente e até mesmo, temperamental, tamanha era a dificuldade dos antigos de compreenderem os atos e vontades do Criador.

Por outro lado, e por fim, há também a questão da misericórdia invisível, aquela cuja graça já recebemos, e estamos recebendo, e não percebemos e a ela não somos gratos, porque desconhecendo nossa condição espiritual, achamos que merecemos mais do que temos, quando, na verdade, já temos mais do que precisávamos.

Enfim, é coisa pra se pensar.