Será?

Será?

Às vezes, acontecem coisas tão ruins na nossa vida, que nenhuma forma de entendimento tradicional nos ajuda a aceitá-las naturalmente, permitindo-nos ao menos alguma paz no coração:

Segundo a ciência, esses acontecimentos são fruto do acaso, o que faz de você um grande azarado.

Segundo o cristianismo, esses fatos são castigos, o que faz de você culpado; ou são uma provação, o que faz você se sentir meio incapaz e meio azarado também (tanta gente pra ser provada, né…).

Segundo o espiritismo, essas coisas são carma, o que leva você acreditar que foi um grande canalha numa vida passada.

Na melhor das hipóteses, segundo o budismo, essas coisas são seu dharma, isto é, aquele caminho que lhe foi confiado, com base nos critérios caprichosos das divindades, pelo qual você precisa passar para evoluir, o que faz você entender que tem muito o que aprender ainda e que não tá podendo tanto quanto imaginava.

Todas essas alternativas de compreensão dos infortúnios pelos quais passamos colocam nossa autoestima no chão.

A Cabala costuma oferecer alguma esperança:

Não importa a dificuldade que você esteja enfrentando, saiba que faz parte de um plano maior. Fonte

Nem sempre chegamos aonde queremos chegar no tempo que pretendemos. Tenha paciência. Há um processo. Fonte

(Hum, sei…)

As conclusões cabalistas até tentam, mas não consigo vê-las mais do que consolos ilusórios de uma suposta bondade divina cujas linhas tortas nos mostrarão o texto certo ao fim da história.

Mas a cabala também provoca bastante:

Ficamos chateados porque achamos que tinha que acontecer de um jeito e aquilo não acontece. Na verdade não sabemos nada. Quem disse que o seu jeito era o melhor? Fonte

Ora, é claro que o meu jeito é o melhor!!! Tanto é que não está sendo para mim, mas está sendo para outros, que nem cogitam largarem suas atuais condições.

Ora!

😉

***

O fato é que me parece que a felicidade, na forma de certas condições, é expressamente proibida para algumas (muitas) pessoas. O motivo? Quem poderá dizer…

E que a essas pessoas só resta baixar a cabeça e se resignar. E compreender que a esperança não é a última que morre, ela é sim, sempre a última e única opção que nos resta.

Escolhemos a esperança porque já não há mais escolhas.