Artigo de 18/01/2021, atualizado em 07/06/2021 com números do Portal do Registro Civil, e não mais projeções do IBGE.

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Nos últimos anos tivemos aproximadamente os seguintes números de mortes no Brasil

2015907.484
20161.031.841 (+/- 13.8% em relação ao ano anterior)
20171.074.756 (+/- 4.2% em relação ao ano anterior)
20181.201.393 (+/- 11.8% em relação ao ano anterior)
20191.269.535 (+/- 5.7% em relação ao ano anterior)
20201.459.681 (+/- 15% em relação ao ano anterior)

Em 2019, sem pandemia, o número total de mortos no Brasil foi de:

1.269.535

(em milhões)

Como se vê na lista acima, a cada ano há um aumento bastante variável de óbitos em relação ao ano anterior, cuja média até antes da pandemia girava em torno de 8,87%. Seguindo esta média, deveríamos ter chegado em 2020 ao seguinte número de mortes::

~1.382.142

Em 2020, porém, tivemos de mortes registradas:

1.459.681

O aumento excedente de 2019 para 2020 foi de aproximadamente 15%, portanto.

O que resulta em aproximadamente 77.539 perdas a mais do que esta projeção simples que eu fiz aqui.

Menos da metade do número oficial de mortos pelo COVID em 2020 de 195.725.

15% de mortes a mais de um ano para outro é bastante! Observe, no entanto, que de 2015 para 2016 tivemos um aumento de mortes também expressivo, de quase 14%, sem pandemia ou qualquer outro evento assim mortal (ao menos, que se saiba, porque pode ter havido, mas se não passou na mídia, é como se não tivesse acontecido).

Ponderação

Não podemos cair na ingenuidade de acreditar que números oficiais correspondem fielmente à realidade.

Mortes e nascimentos são fenômenos que ocorrem com constância, de modo que nunca temos um número preciso dos habitantes vivos num dado momento, em um país gigantesco como o Brasil. Mortes de pessoas anônimas, de poucos vínculos familiares, nos cantos afastados do país sequer são registradas.

Além de que as causas de morte podem ser uma, como podem ser uma soma de doenças – as comorbidades – e eu não acredito que todos os milhões de exames, feitos em milhões de pessoas, para todas as doenças, nos passem um retrato preciso do que acontece com as pessoas.

E temos as questões políticas – um governo federal querendo manter a economia em andamento sob o entendimento que economia não é dinheiro, economia é sobrevivência de uma maioria pobre – e temos uma oposição que torce sem o menor escrúpulo para que tudo piore o quanto for possível para que o presidente caia. O que não torna difícil acreditar que muitas mortes de pessoas muito doentes, que aconteceriam mais cedo ou mais tarde, foram creditadas ao COVID para reforçar a mensagem da oposição.

Neste link, Alessandro Loiola publica uma análise mais aprofundada dos números de mortes dos últimos anos.

Sendo assim, esses números que apresentamos não passam de meras projeções gerais do que acontece no país.

Se informe com imparcialidade, estude, pesquise e não acredite em nada ao primeiro contato.

Comece não acreditando em nada do que eu disse aqui.

A verdade é que ninguém sabe ao certo o que está acontecendo. Essa constatação só teremos quando tudo isso passar e pudermos olhar ao passado com distanciamento emocional, desprendimento político e a perspectiva mais ampla, que só a distância no espaço e no tempo nos permite.