( Bom, o foco desse blog realmente não é política, mas dado o calor dos acontecimentos, estou fazendo dele um livro de recortes do que tenho encontrado de interessante pelo Facebook, que se tornou uma incrível ferramenta de disseminação de informações. Então aguenta aí! 😉 )

Bom, o último recorte é sobre o ressentimento que algumas pessoas engajadas na política há anos estão sentindo contra os antes alienados, que vêm “invadindo” seus protestos e trazendo seus próprios discursos de ordem deslumbrados.

Discursos bastante duvidosos e ineficientes, é verdade, como a volta dos militares 🙁

Mas esse povo passou duas décadas só se preocupando com futebol, novelas, trabalho e assuntos práticos, desacreditados da política. Não vão acordar para as grandes verdades políticas de uma hora pra outra. É preciso tempo para isso. O fundamental é que uma parte antes inexpressiva do povo realmente ACORDOU e está receptiva a novas visões políticas. É a hora para nós, que sempre nos preocupamos com a calamidade que era esse país, agirmos e oferecermos visões alternativas para eles, aos poucos.

É claro que a mensagem deles faz sentido. Precisamos de foco.

Existe uma campanha dos meios de comunicação para dissolver a primeira demanda do movimento (redução da tarifa) num mar de reclamações. É uma estratégia para não vencermos. É sobre 20 centavos sim. Temos outras, muitas outras insatisfações, mas comecemos forçando Alckmin e Haddad a baixar a tarifa. Isso nos empoderará para vôos mais altos. Pablo Ortellado

Verdade verdadeira. Então apesar de sabermos que toda essa movimentação não é só por 20 centavos, a princípio, ela é por 20 centavos sim, para que posteriormente, tenha chance de ser por outros objetivos, mais abrangentes e nacionais.

A tirinha abaixo tenta demonstrar isso, mas de um modo negativo. Em vez de reforçar o foco nos 20 centavos, vem desqualificar as exigências da população que mal sabe o que está se passando, mas que sabe que há muito por mudar. Uma população um tanto perdida, sim, mas que engrossa o caldo e dá visibilidade aos protestos:

Meu, só meu!!! Esse protesto é meu!

Meu, só meu!!! Esse protesto é meu!

Fonte

É fundamental agir politicamente com base num partido. Mas o fanatismo a que isso chega, em gente que só enxerga direita x esquerda, eles x nós, é meio doentio. De onde vem essa necessidade psicológica de ter um inimigo o tempo todo?

Enfim, acho que os comentários abaixo, de diversos autores, retirados do Facebook, expressam com perfeição uma visão politicamente acolhedora com a qual me identifico mais.

Muita gente ficou confusa ou triste com manifestantes pouco politizados no protesto ontem. Acho que temos que ter paciência e recebê-los bem. É nesses processos profundos de mobilização que os despolitizados se politizam. Sobre o hino nacional muito cantado ontem: ele não significa nacionalismo, significa civismo e interesse coletivo. Vi isso nas assembléias de bairro da Argentina em 2001 que começavam com o hino nacional e o grito de “Que se vayan todos!” Pablo Ortellado

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Tem uma parcela da esquerda que é divertida. Prefere ficar do lado dos livros a ficar do lado das gentes. Enquanto o povo nas ruas não for “o meu povo” — aquele sobre o qual ela leu e idealizou a vida inteira –, é melhor que não tenha povo nenhum. Que siga silente. Até, quem sabe, um dia, talvez, por alguma casualidade (que ela acha que se deve à iluminação, à conscientização, à politização, ao desvelamento do sofrimento para essas massas que já o sentem todo o dia, todo dia), surgir O Povo — essa instituição que, por essa esquerda, pelo visto, tem até copyright. Victor Porto Cândido

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Petistas choramingando sobre os protestos significa que realmente o impulso emancipatório que o partido carregava foi totalmente para o brejo, superado pelo fanatismo, burocracia e acomodação. Se ainda tivesse algum, estaria ao lado dos manifestantes, dividindo as ruas, aproveitando a energia para transformar as instituições e desfazer parcerias asquerosas que foi construindo nos últimos 10 anos – partindo para o ofensiva ao invés de fazer alianças com Blairo Maggi, Feliciano, Kátia Abreu, José Sarney e Renan Calheiros, para citar apenas alguns óbvios. Moysés Pinto Neto

Eu, daqui de cima da montanha, já não sei o que é pior, “coxinhas” falando besteiras e exigindo retrocessos, como o impeachment da Dilma ou a volta dos militares, ou os “revolucionários”, com ciúmes dos próprios protestos.

Eles sempre defenderam o povo, só não sabiam que a maior parte do povo é de coxinhas.

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Eu também acho o termo “~coxinha~” ridículo para definir esse tipo de gente, mas fazer o quê, né, a língua portuguesa tem vida própria e vai seguindo caminhos que não podemos controlar. Então se você quiser entender melhor esse termo, clique aqui.