Algo que aprendi nos últimos anos, é que reduzir o intervencionismo governamental na economia ajuda esta a se desenvolver. É o mais básico preceito do liberalismo econômico, ou, livre-mercado.

Mas também aprendi que há algo mais importante em economia, que se relaciona com o não intervencionismo governamental citado acima, que é a confiança geral das pessoas. Vimos isso com Dilma Rousseff. A partir de certo período os agentes do mercado passaram a entender que ela não era uma líder confiável, porque aparentava não estar conseguindo conduzir bem seu governo, cujos principais agentes estavam envolvidos em graves casos de corrupção, os quais vieram a tona pelas mãos da operação Lava-jato.

Assim, investidores e empresários começaram a segurar seus investimentos. O dinheiro começou a sair do país, dólar aumentava e a bolsa caía. Internamente, quem tinha dinheiro, segurava. O consumo diminui, o investimento diminui, o desemprego aumenta, inflação aumenta em alguns setores por causa da alta do dólar, enfim, inicia-se um tenebroso efeito dominó.

A melhor denominação que ouvi para esse estado de coisas foi “crise de confiança“.

Agora, vemos o oposto. A mensagem de Bolsonaro é clara quanto a importância que ele dá ao desenvolvimento econômico e a importância que reconhece em que voltemos a prosperar. A cada pesquisa que mostra a possibilidade dele ganhar, a bolsa sobe, e o dólar cai.

Quando este homem ganhar as eleições, novembro verá uma enxurrada de dólares estrangeiros entrando neste país. Investidores, externos e internos, estão ansiosos para voltar a ganhar dinheiro neste amplo mercado consumidor que é o brasileiro. E será bom pra todo mundo. Quando um rico gasta, uma enxurrada de pobres sai ganhando alguma coisa.

Eu entendi essa questão toda que comentei acima, lendo a biografia de Joaquim Rôlla, um grande empresário das décadas de 30/40. Apesar do sobrenome caricato, ele foi o proprietário do mítico Cassino da Urca. Ele foi responsável por colocar o Brasil no cenário artístico internacional, tanto trazendo artistas de fora pra cá, especialmente Walt Disney, quanto servindo de trampolim para artistas nacionais irem para fora, como Carmem Miranda.

Joaquim Rôlla era para ter terminado sua vida como um mega-empresário brasileiro, porém sofreu ao longo da vida três grandes revezes relacionados ao governo (e outros menores). O primeiro, foi quando, já depois de ter alguns cassinos entre o Rio e Belo Horizonte, viu o jogo ser subitamente proibido no Brasil. Esta proibição deu-se em 30 de abril de 1946. No dia seguinte, 1º de maio, dia do trabalhador, o Brasil acordou com 7000 ex-funcionários de Rôlla, agora sem trabalho (fora milhares de outros funcionários de todos os cassinos do país). Posteriormente, Rôlla também viu uma grande exposição internacional, promovida pelo governo num de seus hotéis, onde ocorriam centenas de negócios comerciais, ser subitamente cancelada pelo presidente por suspeitas de influência comunista na exposição. Por fim, alguns anos depois, Rôlla viu um pavilhão que construiu no Rio de Janeiro a duras penas (era uma obra modernista de difícil execução) ser expropriado pelo então governador Carlos Lacerda.

Você já fez negócio com pessoas não confiáveis, que não cumprem o que prometem? Certamente sim. Ficou frustrado(a), não? Faria negócio novamente com essa pessoa? Jamais, não é?

Se você adota essa postura com seus tostões, porque um empresário não se portaria da mesma forma com seus milhões?

Recentemente, Marco Antônio Villa, jornalista, questionou o então candidato Amoêdo se o governo não era importante na questão da infra-estrutura uma vez que empresários não estiveram dispostos a investir em nossa infra-estrutura durante o século passado.

Villa é muito inteligente, fala e faz questão de expôr seu “saber” durante suas entrevistas, mas desconhece alguns preceitos básicos de economia. E um deles, é a questão da confiança; que empresários são ressabiados em pôr seus recursos a serviços de governos inconstantes e sujeitos a intervenções súbitas e temperamentais.

No vídeo acima, o doido Hugo Chavez expropriando imóveis a seu bel prazer. Se milhões tivesse, você os investiria numa terra de governantes alucinados assim?

Em economia, propriedade privada é um valor sagrado, do mais pobre ao mais rico. Segurança jurídica é fundamental para que empresários e investidores se sintam confiantes em pôr seu dinheiro a serviço da sociedade, porque ele já está lidando com a possibilidade de seu investimento não dar certo. Ter que, ainda por cima, ficar inseguro quanto ao governo resolver interferir em seus negócios de uma hora para outra, é a melhor forma do investidor preferir deixar seu dinheiro em contas da suíça.