Loreenna Mckennitt é uma cantora já bem conhecida, mas o que é bom vale sempre estar relembrando.
A música abaixo é uma das canções mais melancólicas que já ouvi, e por isso mesmo, das mais belas.
Sinto-a como um louvor sobre a finitude da condição humana.
Letra
And now my charms are all o’erthrown
And what strength I have’s mine own
Which is most faint; now t’is true
I must be here confined by you
But release me from my bands
With the help of your good hands
Gentle breath of yours my sails
Must fill, or else my project fails
Which was to please. Now I want
Spirits to enforce, art to enchant
And my ending is despair
Unless I be relieved by prayer
Which pierces so that it assaults
Mercy itself and frees all faults
As you from your crimes would pardon’d be
Let your indulgence set me free
Tradução livre
E agora meus encantos são todos vãos
E que força tenho eu senão a minha própria
Que é mais fraca; Agora a verdade
Devo estar aqui confinada por você
Mas liberte-me de minhas amarras
Com a ajuda de suas mãos bondosas
Seus sopros suaves em minhas velas
Devem inflar-lhes, ou meus planos falham
Que eram agradar. Agora quero
Espíritos que cumpram, arte que encante
E o meu fim é desesperador
A menos que eu seja aliviada pela oração
Que penetra como um ataque
da misericórdia, e livra de todas as falhas
Assim você, por seus crimes, seria perdoado
Ao deixar sua indulgência me libertar
A letra desta música tem origem na peça A tempestade, de William Shakespeare. É um trecho da fala do personagem Próspero.
Perceba: Musicar um poema não é exatamente uma tarefa fácil. Obter sucesso nessa tarefa é ainda mais difícil.
Musicar um poema de SHAKESPEARE com sucesso é praticamente impossível.
Mas Loreena, e só poderia ser ela, conseguiu.
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Aqui vai outra versão desta canção, ao vivo:
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Loreena tem várias canções melancólicas. Esta abaixo é outra. Não recomenda-se ouvir se você estiver num momento depressivo 😉
Sobre a melancolia
Não estou num momento melancólico, ao contrário, estou num momento inacreditavelmente sereno, APESAR dos problemas que seguem insistentes, por aqui.
Mas já vivi épocas de profunda melancolia – como muitos, aliás, que não costumam assumir por vergonha; pelo medo de demonstrarem fraqueza e sensibilidade numa sociedade onde o cinismo e a indiferença são lei.
O dicionário aulete define melancolia como “tristeza sem causa definida, saudade difusa, pesar, ausência de sentido na vida”. Embora naquelas épocas tivesse meus motivos para a tristeza, sempre senti certa identificação com o estado de melancolia. É o que me faz sentir uma profunda beleza em músicas como as aqui indicadas.
Porque elas lembram o inevitável: a perda, a morte, o fim e, sobretudo, a contundente ausência de sentido em tudo que nos rodeia, da qual procuramos fugir através das infinitas distrações de que dispomos atualmente, ou até mesmo, ansiando pelo próprio fim.
Veja que esta questão dá ensejo a muitas considerações. Nosso filósofo Pondé já afirmou:
“Deus me livre de ser feliz”
E outro também disse:
Tais afirmações ajudam a explicar porque a melancolia tem seu lado atraente: na melancolia estamos ladeados com a verdade – sempre crua – e nos sentimos mais lúcidos, mais próximos da realidade.
Estar melancólico é estar consciente dos próprios limites e dos limites da existência.
É não estar se deixando enganar pelas ilusões da vida.
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