A Praia – Crônica
“Se eu morasse no litoral ia todo dia na praia” é a maior ilusão de quem não mora no litoral.
— POLI, Jacqueline. (@ajacquelinepoli) February 27, 2021
As pessoas vão longe para pegar uma praia…
…porque elas não tem convívio constante com uma.
No longo prazo da ida constante à praia você começa a notar e somar alguns desconfortos que o deslumbramento de visitas esporádicas acaba encobrindo.
Praia, pra mim, só se for para apreciar a paisagem, do alto de um belo apartamento à beira-mar, de dentro de um barzinho pé-na-areia BEM CONFORTÁVEL com uma caipirinha à frente, ou espairecendo diante do belo cenário praiano ao longo de uma caminhada leve.
Afora estas poucas situações possíveis, o termo pegar uma praia não faz lá assim taaaanto sentido.
O sol escaldante bombardeando luz e calor faz a gente suar, a areia grudar, a pele torrar (e arder, e dias depois, descascar), cegar os olhos, obrigar a se encapsular sob protetor, óculos, boné, guarda-sol.
A cadeira de praia é desconfortável, e se deita na areia, o vento joga areia na cara, e leva o guarda-sol voando longe.
A água, o sal, o sol e o vento ressecam e desordenam o cabelo.
No meio dia a areia queima o pé, tem que usar calçado, ou no final da tarde aquela areia úmida onde já pisaram mil pés te oferece uma bandeja cheia de micoses e bichos-de-pé.
A água do mar, se é calma, é suja, se é limpa, é agitada; às vezes tem algas mortas, ou águas-vivas, em alguns lugares, até tubarão; quando entra na água, ela tá fria, quando sai, o vento tá frio.
A bebida esquenta, não tem banheiro perto. A bolinha do frescobol sempre escapa pra longe, e passamos mais tempo buscando a bola do que jogando; a bola do futebol, do vôlei, idem.
O povo em volta é feio, suado, molambento, com suas caixas de som alto, e péssimo gosto. Às vezes a onda que você tá sentindo você não sabe se é do mar ou da cannabis do vizinho ao lado.
Pra voltar, você ganha de brinde um maravilhoso trânsito que atrasa sua volta em 2 horas.
O horror, o horror, o horror.
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