Das condições que mais nos faltam nessa vida, eu apontaria duas em especial, uma muito conhecida, outra pouco atentada:

Amor e Certeza

Quanto ao primeiro, já falo bastante dele por aqui e vou deixá-lo de lado por ora.

Já quanto ao segundo, sinto até dificuldade de começar, muito embora os efeitos da falta de certeza no mundo sejam BEM conhecidos.

A incerteza corrói nossa alma neste mundo inconstante, instável, aleatório.

Dizem que o progresso científico só se faz através da dúvida. Questiono essa afirmação. Eu trocaria DÚVIDA por CURIOSIDADE. Existe aquela dúvida curiosa e questionadora a respeito do mundo, mas existe também aquela dúvida estagnante, a dúvida de si mesmo.

Acredito que é a curiosidade que move o progresso científico e tecnológico, não a dúvida.

A dúvida nos deixa estagnados, ansiosos, amedrontados e desmotivados.

Mas a CERTEZA nos alivia e prepara o caminho para seguirmos adiante.

Aquilo que os homens de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza. Bertrand Russel

Placebo, a pílula da certeza

O autor Bruce Lipton, em seu livro A Biologia da Crença comenta enfaticamente que o efeito placebo, aquele que faz um doente se curar mesmo tomando uma pílula de açúcar, só por ACREDITAR estar tomando um remédio que o aliviará de sua dor, está por trás da maioria dos efeitos dos remédios, sobretudo os remédios com substância ativa.

Ele chega a citar historiadores que afirmam que “A história da medicina é a história do placebo”.

Deve haver algum exagero em sua afirmação, mas também não duvido muito dela. Acredito realmente que muitas das curas proporcionadas aos doentes se efetuam não pela substância do remédio, e sim pelo fato de o doente ESTAR tomando remédio, o que lhe proporciona um estado psicológico imediato de alívio, pela perspectiva reconhecidamente garantida de melhora.

Essa constatação, que não me é recente, já me fez imaginar algumas possibilidades.

E se inventassem uma pílula do sucesso? Um remédio hipotético que, de modo assegurado por toda a comunidade científica, garantiria muito sucesso a quem o ingerisse. O indivíduo, naturalmente influenciado pela certeza garantida pela ciência, acreditaria sem a menor sombra da dúvida que obteria sucesso ingerindo o remédio, quem sabe duas vezes ao dia, em intervalos regulares, como todo remédio. E então…

…o sucesso viria a fazer parte de sua vida.

Esse é o poder da fé, que tanto se fala nas religiões e correntes místicas.

O poder é nosso

As religiões, desde sempre, e palestrantes motivacionais, mais recentemente, tentam nos convencer de que temos um grande poder, o poder de mudar nossa realidade. Não só a realidade passível de mudança, a qual podemos mudar através da iniciativa, do esforço e do trabalho perseverante, mas também aquela realidade cuja alteração nos parece impossível.

E esse poder, com características verdadeiramente mágicas, capaz de operar milagres, é o poder da certeza absoluta, o poder daquela convicção inabalável de que merecemos e obteremos o que desejamos, nem que o universo (ou deus, ou os santos, ou os anjos, ou o exu) tenha que nos ajudar para tal.

Porém não é um poder fácil de se utilizar. Para começo de conversa, muitos de nós nem sabemos o que queremos da vida. Quando sabemos, nos sentimos impotentes para consegui-lo. Quando temos competência para conseguir o que queremos, achamos que não merecemos. E quando sabemos o que queremos, temos condições de obtê-lo e nos sentimos merecedores, empacamos na convicção de que é impossível.

Nossa grande especialidade é inventar desculpas.

Por essas e por outras, bem que poderíamos ter à disposição algumas pílulas de certeza.

Basta a ingestão de um comprimido pela manhã e outro pela noite e em breve nos depararíamos com o trabalho dos sonhos, com o nosso par perfeito ou com a cura milagrosa.

Mas então seria fácil demais, não? Quem sabe o Universo concorde com um professor que tive durante a faculdade. Ele vivia dizendo:

Se não der trabalho, não tem graça.

 

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