Muitos empresários reclamam que não tem mais tempo pra nada. Nem pra cuidar de si, nem pra família, nem pra tocar projetos pessoais, etc. Mas tempo pra trabalhar por mais dinheiro eles arrumam, não é? Saramago dizia que as pessoas se tornaram máquinas de ganhar dinheiro. Estava certíssimo.

Dinheiro é tudo? Sim! E não! Não vou falar aqui do porquê o dinheiro pode – sob certo viés – ser considerado “tudo”. Você já deve saber muito bem 😉 Vou falar do porquê o dinheiro pode eventualmente NÃO SER TUDO. Dinheiro não compra tempo, por exemplo. Se levarmos em conta a opinião de Benjamin Franklin de que “o material da vida é  tempo”, poderíamos concluir que tempo é vida. Logo, se dinheiro não compra tempo, dinheiro não compra vida.

Neste texto aqui se pode observar o óbvio, o qual, entretanto, a sociedade não aceita. A lógica é mais ou menos essa: Em vez de trabalhar cada vez mais, para ganhar cada vez mais, para ter cada vez mais, pra se aparecer cada vez mais, você pode inverter o processo. Busque um pouco de auto-conhecimento e aprenda a contentar-se com o que você é, deixando de lado a necessidade de mostrar pros outros que você tem algum valor, de precisar de aplausos, ou mesmo de precisar fazer terapia no shopping. Assim vai precisar de muito menos coisas, e dessa forma poderá trabalhar menos e terá mais tempo livre para si, para os amigos, família, e PRINCIPALMENTE, para seus projetos pessoais, que vão enriquecer sua vida de um modo que dinheiro nenhum no mundo consegue enriquecer.

Estou falando de riqueza de significados. O que sua vida significa para você?

Eu sei, os mais conservadores ou aqueles que estão até o pescoço mergulhados no paradigma consumista vão me dizer que isso é conversa de – como se diz no sul – vadio. O modus operandi consumista lhes fazem acreditar que não há salvação fora do trabalho. Que se você tabalhar 15 horas por dia, encontrará 72 virgens só para você no paraíso. Não importa se com essa rotina seu filho se torne um problemático por causa da sua ausência, ou se você viver doente e só funcionar sob efeito de estimulantes e/ou calmantes. O importante é sacrificar tudo por trabalho.

Só que eu acho que essa coisa de se passar por mártir que sacrifica as coisas pelos outros ou por um ideal padronizado é muito cafona. O que tá na moda atualmente é ser equilibrado, poxa! Não vemos pra todo lado gente querendo se alimentar melhor, se exercitar melhor, aprender coisas diferentes, curtir mais a vida? Legal é ser inteligente e saber dosar a quantia certa de tempo para cada segmento de nossa vida. O tempo certo pro trabalho, o tempo certo pra família, o tempo certo pr’aquele seu projeto pessoal que agregaria um significado completamente enobrecedor para a sua vida, enfim.

Hoje vivemos num tempo e sociedade tão excepcional que qualquer um pode tocar a vida das mais diferentes formas. Me sinto privilegiado por poder tocar a vida de dentro do lar. Conheço pessoas que ganham a vida ensinando pessoas a voar em paragliders. Outros ganham a vida instruindo outros a escalarem montanhas. Outros praticando artesanato, enfim.

E você, está usando seu tempo em alguma atividade que lhe dá prazer, ou está dentro de um escritório enquanto o sol brilha lá fora?

Texto de 21 de abril de 2011.