Resumo da História dos Hebreus

Imagem de Diana Polekhina

A história dos judeus é longa, complexa e bela, tanto em suas particularidades míticas, quanto históricas. Todos nós já ouvimos a maioria dos termos abaixo, salpicados em missas, cultos, livros, revistas, programas televisivos e recentemente, até em podcasts sobre assuntos que envolvem a raiz das 3 principais religiões do mundo ocidental.

Estou lendo um livro sobre a origem do monoteísmo, e mais uma vez encontro durante a leitura vários dos nomes abaixo, e a falta de uma noção da linearidade histórica confunde muito e impede uma compreensão mais acentuada do assunto.

Por isso fui pesquisar, e trago aqui, um resumo da história dos hebreus, grupo étnico que originou o atual povo judeu.

Importante: A maioria dos fatos, datas e curiosidades aqui são informados com base no testemunho bíblico, com as datas presumidas, e com poucas evidências arqueológicas.

Resumo da História dos Hebreus

Patriarcas Pré-diluvianos:

Adão, Set, Enosh, Cainã, Malaleel, Jared, Henoc, Matusalém, Lamec e Noé.

Patriarcas Pós-diluvianos:

Sem (um dos três filhos de Noé – os outros eram Cam e Jafe), Arfaxad, Salé, Héber, Faleg, Reú, Sarug, Nacor, Taré e Abraão.

2000 a.C – A Terra Prometida – O patriarca Abraão era um pastor seminômade que vivia na região de Ur, localizada na Mesopotâmia (que no futuro viria a se tornar a Babilônia). Abraão teria recebido uma profecia para que abandonasse a região e se estabelecesse em outro lugar indicado por Deus.

Este lugar era conhecido como Canaã, e correspondia ao território hoje ocupado pelos Estados de Israel e Palestina.

Isaque, filho de Abraão, o sucede na liderança dos hebreus, sucedido em seguida por Jacó.

Curiosidade: Os árabes são descendentes de Ismael, também filho de Abraão.

1700 a.C – Migração para o Egito – Motivados pela seca e escassez em Canaã, os hebreus migraram ao Egito, onde as terras eram férteis.

A fome obrigou Jacob a deslocar-se para o Egito com os seus doze filhos, um dos quais, José, tinha ali já alcançado uma elevada posição.

A chegada dos hebreus ao Egito teria coincidido com o período em que a região estava sob domínio dos hicsos, um povo de origem também semita, como os hebreus. Isso permitiu aos hebreus se estabelecerem no território egípcio sem problemas, chegando até a ocupar posições proeminentes na administração do Egito.

Depois da expulsão dos hicsos, os hebreus teriam sido punidos pela colaboração com os invasores.

1250 a.C. – Êxodo – Escravizados pelos egípcios, os hebreus conseguiram a libertação liderados por Moisés. Viveram como nômades na Península do Sinai e depois procuraram se fixar em Canaã, então ocupada por outros povos, como cananeus e filisteus. Vestígios da fundação de aldeias ao redor de Jerusalém são indícios da chegada hebraica em Canaã. A autoridade dos hebreus a esta altura eram os chefes militares, conhecidos como Juízes.

As Doze Tribos – Os povos hebreus eram organizados em doze tribos em torno de um reino monárquico, que era o de Israel. As tribos referiam-se a cada filho de Jacó, filho de Isaac e neto de Abraão, e constituía-se com um clã familiar. Os seus nomes eram: Rúben, Simeão, Judá, Zebulom, Issacar, Dã, Gade, Aser, Naftali, Benjamim, Manassés e Efraim.

1050 a.C – Monarquia e unificação das tribos – Uma vez estabelecidos em Canaã, os hebreus viveram uma fase de centralização do poder e expansão de suas fronteiras, o que resultou no surgimento da monarquia. Essa monarquia surgiu por meio de Samuel, o último Juiz hebreu, que, no final do século XI a.C., decidiu coroar Saul como rei, visando garantir a segurança das terras hebraicas.

A monarquia hebraica teve três grandes reis:

  • Saul (1030-1010 a.C.)
  • Davi (1010-970 a.C.)
  • Salomão (970-930 a.C.)

O reinado de Saul foi marcado por conquistas, mas acabou morrendo em batalha contra os Filisteus. O sucessor foi Davi, que disputou o poder de Israel com Isboset, filho de Saul. Do reinado de Davi, o grande destaque é a conquista de Jebus, cidade dos jebuseus. Essa cidade tornou-se capital dos hebreus e é conhecida atualmente como Jerusalém.

Curiosidade: Na Bíblia, os filisteus (philistines) são descritos como arqui-inimigos dos israelitas. Era um povo estrangeiro, que veio do oeste e se estabeleceu por volta de 1100 AC em cinco cidades: Asdode, Ascalão, Ecrom, Gaza e Gate, hoje cidades do sul de Israel, situadas na famosa Faixa de Gaza.

O território em que viviam chamava-se “Filisteia”, ou “Filístia”, que era grafado como “Philistia”, de onde deriva o termo “Palestina”, que tem (ou tinha) sua principal base na atual “Faixa de Gaza” (no mapa abaixo, em vermelho: Philistine States)

Em 3000 anos de história, houve derrotas e vitórias de ambos os lados. A mais conhecida delas foi de Davi contra Golias, um filisteu. Uma rivalidade macabra, que permanece até hoje, atravessando milênios.

Por fim, o reinado de Salomão foi um período de prosperidade, destacando-se a grande obra envolvida na construção do Templo de Jerusalém, um lugar que se tornou sagrado para os hebreus.

1005 a.C. – O Primeiro Templo – O Templo de Jerusalém situava-se no cume do Monte Moriá (também chamado Monte do Templo), no leste de Jerusalém. De acordo com a Torá (a Bíblia hebraica), o Primeiro Templo foi construído no local onde Abraão havia oferecido Isaque como sacrifício. O templo foi construído durante o reinado de Salomão, utilizando o material que havia sido acumulado em grande abundância por seu pai e antecessor, o Rei Davi.

A ordem para a construção do Primeiro Templo foi dada pelo Rei Davi em 1015 a.C. As fundações do templo foram lançadas em 1012 a.C., no segundo dia do segundo mês (Zif), quatrocentos e oitenta anos depois da saída de Israel do Egito. A construção terminou em 1005 a.C., mas sua dedicação foi adiada até o ano seguinte, por este ser um ano de jubileu (o nono jubileu), e exatamente três mil anos desde a “criação do mundo”.

930 a.C. – Israel se divide – Reino de Israel ao Norte e Reino de Judá ao sul. Essa divisão ficou entre os dois filhos de Salomão – Roboão e Jeroboão.

Profetas hebreus que viveram no Reino de Judá, após Salomão: Obadias, Joel, Isaías, Miquéias, Naum, Sofonias, Jeremias, Habacuque, Daniel, Ezequiel, Ageu, Zacarias, Malaquias.

Profetas hebreus que viveram no Reino de Israel, após Salomão: Elias, Eliseu, Jonas, Amós, Oséias.

O Reino de Israel, ao norte, seguiu com a seguinte linha sucessória: Jeroboão I, Nadabe, Baasa, Ela, Zinri, Onri, Acabe, Acazias, Jorão, Jeú, Jeoacaz, Jeoás, Jeroboão II, Zacarias, Salum, Manaém, Pecaías, Peca, Oséias (A Samaria é conquistada pela Assíria em 722 a.C.)

722 a.C. – Assírios tomam Israel.

609 a. C. – Josias (640-609 a. C.) levou a cabo uma reforma religiosa, suprimindo todos os lugares de culto e práticas sincretistas e centralizando o culto em Jerusalém, exclusivamente ao deus Javé.

Desde Salomão, o Reino de Judá, ao sul, seguiu com a seguinte linha sucessória de reis: Roboão, Abião, Asa, Jeosafá, Jeorão, Acazias, Atalia, Joás, Amazias, Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, Manassés, Amom, Josias, Jeoacaz, Jeolaquim, Joaquim, Zedequias (Jerusalém é conquista pela Babilônia em 586 a.C.)

586 a.C. – Babilônicos conquistam Judá – Início do Exílio na Babilônia. O Templo foi saqueado várias vezes e acabou por ser totalmente incendiado e destruído por Nabucodonosor II, que levou todos seus tesouros para a Babilônia.

538 a.C. – Retorno do Exílio

516 a.C. – O Segundo Templo – foi reconstruído após o retorno do cativeiro na Babilônia, sob orientação de Zorobabel. O templo começou com um altar, feito no local onde havia o antigo templo, e suas fundações foram lançadas em 535 a.C. Sua construção foi interrompida durante o reinado de Ciro, e retomada em 521 a.C., no segundo ano de Dario I. O templo foi consagrado em 516 a.C.

Nos 500 anos desde o retorno, o templo havia sofrido bastante com o desgaste natural e com os ataques de exércitos inimigos. Herodes, querendo ganhar o apoio dos judeus, propôs restaurá-lo. As obras iniciaram-se em 19 a.C., e terminaram em 27 d.C.

70 d.C. – Destruição do Templo de Jerusalém – O templo foi destruído em 70 pelas legiões romanas comandadas por Tito, a mando do imperador Vespasiano, que sitiou e destruiu Jerusalém para acabar com a revolta judaica contra o império romano.

Diásporas – A primeira diáspora judaica começa com a invasão Assíria ao reino de Israel em 721 a.C. e se aprofundou com o domínio Babilônico em 587 a.C. A segunda diáspora ocorreu em 70 d.C, quando Jerusalém foi sitiada pelo exército romano e o reino hebreu, destituído. Esses ataques culminaram em uma dispersão judaica para países africanos, asiáticos e europeus, com duração de aproximadamente dois mil anos.

1948 d.C. – Criação do Estado de Israel – Essa dispersão se inverteu parcialmente através da criação do Estado de Israel em 14 de maio de 1948, em que parte da população judaica dispersa pelo mundo iniciou um movimento de retorno à sua terra. A criação do Estado de Israel foi o resultado do movimento surgido em fins do século XIX, chamado Sionismo, que defendia o retorno dos judeus para a Terra Santa.

Fontes

Andre Daniel Reinke

Templo de Jerusalém