Eu acompanho a política brasileira desde 1989, embora ainda criança, desde a eleição do Collor, o primeiro fato político que realmente marcou minhas memórias. Lembro da longa cédula eleitoral, com uma lista enorme de candidatos – Ulisses, Afif, Covas, Brizola eram as burlescas figuras comentadas no debate eleitoral.

Mas tem um fato que eu não sabia – tinha noção – mas não dava importância.

Dos 513 deputados atualmente empossados na Câmara dos Deputados, somente algo em torno de 30 receberam votos suficientes para serem eleitos. Todo o restante – TODOS OS CERCA DE 480 DEPUTADOS RESTANTES – se elegeram com base no “sistema proporcional”, um sistema que envolve os cabulosos termos “quociente eleitoral e partidário”, algo tão confuso que é de difícil entendimento.

O problema começa por aí: Como é que o povo é obrigado a eleger seus representantes com base em um sistema tão nebuloso que – aposto – a totalidade dos eleitores é incapaz de compreender?

Eu havia percebido esta aberração eleitoral nesta última eleição para vereadores. Vi que vários vereadores que receberam votações expressivas não foram eleitos.

Mas como pode isso?

Temos um sistema que prioriza não a vontade popular, mas partidos – e a consequente fatia no delicioso bolo do fundo eleitoral – e por “fundo” aqui, entenda: seu dinheiro.

Muitas vezes, diante das verdadeiras aberrações que são algumas figuras políticas eleitas neste país, concluía conformado e desconsolado: O brasileiro não sabe votar.

Será? Como posso continuar afirmando isso se, frequentemente, quem recebe menos votos consegue o cargo em detrimento de quem recebeu mais votos?

Atualmente fala-se muito em reformas tributárias e administrativas. Eu realmente torço do fundo da minha alma que essas reformas saiam este ano.

Mas deixo este alerta: Na próxima vez que você ouvir em Reforma Política, não a entenda como uma reforma menor em relação à tributária ou administrativa, ou às reformas trabalhistas e previdenciárias já aprovadas.

Entenda como a Grande Reforma que pode revolucionar verdadeira nossa democracia.

E que por isso mesmo, de todas as reformas institucionais que este país carece, é a que será deixada por último.

O bolo é delicioso e os políticos nem cogitam de deixar de saboreá-lo.