O trecho abaixo foi retirado desta interessante matéria da revista Galileu:

A pesquisadora diz que a comida está tomando o papel que foi do tabaco há décadas. Quando fumar não era socialmente estigmatizado, o cigarro era fácil de se conseguir e exposto em todo lugar: bares, lanchonetes, supermercados. Com as campanhas contra essa indústria, a exposição diminuiu. O hábito caiu junto, mas abriu espaço para outros vícios. “Dos anos 60 até agora, o peso médio de um americano adulto aumentou 11 quilos”, afirma Linden. Os brasileiros também estão ficando mais cheinhos. Segundo dados do IBGE divulgados em julho, o excesso de peso já atinge metade da população. “Para algumas pessoas poderia ser o álcool, as drogas, o sexo ou a jogatina. Mas o vício socialmente mais aceito hoje certamente é o da comida”, diz Kessler. Afinal, vivemos em busca do prazer — cientificamente falando. Para se livrar de tal vício, que, em diferentes graus, atinge 85% da população mundial, só passando por um programa que o pesquisador chama de reabilitação alimentar.

…e que eu chamaria de reabilitação para a vida.

Sim, você que está passando do peso normal, que sempre come mais um pedacinho, que usa a geladeira como psicóloga, e que compensa sua ansiedade comendo, está viciado(a) em comida. E como sabemos, o vício não existe por si. O vício é  apenas mais uma atividade escapista, e como toda atividade de fuga, é resultado de uma dificuldade muito básica de se enfrentar a vida.

Me pareceu muito interessante este ponto de vista exposto no parágrafo citado acima. Há poucas décadas atrás, no início dessa corrida frenética que vivemos hoje quando o cigarro era considerado cool, os ansiosos compensavam sua angústia fumando. Hoje, num tempo em que fumar se tornou feio, de forma até exagerada – parece que fumar se tornou um pecado mortal – os problemas das pessoas não se resolveram, apenas se transferiram de natureza. Elas continuam ansiosas – certamente até mais ansiosas – e continuam compensando sua ansiedade de forma externa. Dessa vez, além de compensarem-na no álcool e nas drogas, ou por terem medo de se aventurar nesses mundos, compensam a ansiedade com a gordura, com o açúcar, com o sal, no conforto de suas cozinhas.

Fique de olho. Fique atento(a). A única resolução efetiva para a ansiedade e para a angústia é o equilíbrio íntimo, que só se alcança através da busca por auto-conhecimento, pela revisão de valores artificiais adotados dos outros inconscientemente, por exercícios físicos e por atividades mentais meditativas, seja qual for – meditação simples, lazer sadio, ioga, terapias, essas coisas.

Acredito muito particularmente, que o que mais mata no mundo não são acidentes de carro, câncer, problemas cardíacos, etc, etc, etc. O que mais mata no mundo, nada me tira da cabeça, é a ANSIEDADE. Sim, a ansiedade resultante de nossa inadaptação a este mundo opressivo é a causa fundamental de todos esses problemas – acidentes, doenças – os quais, fica assim evidente, são efeitos e não causas.

O que nos mata é a dificuldade que sentimos por estarmos vivos.

Vida complicada 🙁