Terminei hoje o livro O leitor apaixonado – Prazeres à luz do abajur, com as principais crônicas de Ruy Castro até a data de lançamento em 2009, organizado por Heloisa Seixas.

Para você gostar ou não de um livro, depende muito do contexto da sua vida, dos seus interesses e a relação destes fatores com os assuntos abordados no livro.

No meu caso, houve uma sintonia total, e explico o porquê.

Sempre gostei de história, mas desde 2015 passei a sentir certo interesse mais acentuado por assuntos relacionados às primeiras décadas do século XX.

Tudo começou quando descobri o grupo/banda Postmodern Jukebox, de Scott Bradlee, com seu elenco rotativo e seus magníficos covers de músicas atuais em estilos antigos. Mais tarde, com a descoberta do Palácio Monroe, ícone do desprezo que o brasileiro tem com sua própria história. Deste, para a descoberta do que aconteceu com a própria avenida na qual o Monroe se situava, a antiga / exterminada Avenida Rio Branco do Rio de Janeiro. E por fim, com a descoberta do que foram os incríveis anos 20 do século passado, sob a estética do magnífico filme The Great Gatsby de Baz Luhrmann, e junto a esta descoberta, a noção da extrema riqueza cultural que nos legou o século XX, especialmente entre os anos 1920 e 1960.

Hoje estou um tanto aficcionado por assuntos culturais relacionados a este período tão rico do século passado.

O Leitor Apaixonado - Ruy Castro

O Leitor Apaixonado – Ruy Castro

Pois bem, Ruy Castro também é um apaixonado pela cultura do século XX. Soma-se aí o privilegiado fato de ter vivido em parte dele, e convivido com alguns dos grandes personagens que relata neste livro, mais seu incrível talento para pesquisa e escrita, e teremos um autor único, cujo trabalho é referência nos assuntos que aborda.

Em seu O Leitor Apaixonado, trata através de crônicas, de forma resumida, sobre as vidas e peripécias dos principais personagens da literatura e jornalismo deste incrível século XX que nos antecedeu, tanto do Brasil como dos Estados Unidos, com alguns episódios na Europa e Buenos Aires.

É uma viagem a fatos interessantes vividos por grandes figuras como Nelson Rodrigues, Paulo Francis e Carlos Heitor Cony. Comenta sobre a Semana da Arte de 1922, sobre autores brasileiros esquecidos, e grandes autores americanos, como Fitzgerald e Hemingway, bem como editores e ilustradores geniais que fizeram a diferença e ditaram os rumos de suas atividades.

Para quem não se interessa pela cultura de inícios do século passado, pode ser um pouco entediante a citação constante de fatos e nomes envolvendo muitos americanos, ou mesmo personagens da cultura brasileira já esquecidos. Por outro lado, pode instigá-lo a pesquisar mais, saber mais, especialmente se você tem um pé no ramo cultural, literário ou jornalístico.

Confesso que enlouquecia de curiosidade a cada nome diferente citado; vontade de já sair comprando os respectivos livros na estante virtual.

Rubem Braga é conhecido como o maior cronista brasileiro, embora seu estilo fosse mais lírico. Sob o meu critério, ninguém vence Ruy Castro, de estilo preciso, detalhado, pesquisado, informativo e ilustrado com as palavras mais precisas; crítico e irônico em justa medida, com seus textos você acaba ficando mais inteligente e culto.

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