Acho que não existe maior equívoco sobre o amor do que esta crença de alguns sujeitos de tendências idealistas que separa o amor em dois tipos de amor. Como se houvesse um amor carnal, sexual, menor e menos valoroso, e como houvesse um amor espiritual, mental, mais puro e sublime e, portanto, mais digno.

Isso é coisa de mentes muito ingênuas que não se dão bem com a vida prática e sua realidade imperfeita e preferem se proteger dentro dos limites do que se chama de amor platônico.

Já fui especialista em amores platônicos 🙂 E hoje, depois de vencer isso que não considero mais que uma limitação, só consigo ver uma certa fraqueza em quem se atem em amores platônicos, amores distantes, impossíveis e afins. O adepto do amor platônico é o mesmo que costuma dizer que prefere se arrepender do que fez do que se arrepender do que não fez. Então eu pergunto:

Vai se arrepender do que, meu querido, se você não faz nada? 

Sim, porque um amor platônico é um grande “não fazer nada”. A pessoa tem medo do contato, tem medo da rejeição, e tem medo de macular o sentimento através do contato carnal. E tem medo da imperfeição natural da convivência, e mais ainda, do contato íntimo o qual é mesmo todo atrapalhado, por natureza ( porque, né? é impossível fazer sexo de modo elegante 🙂 ). O amante platônico é um grande medroso e, para disfarçar seu medo de se relacionar, e de lutar na arena do amor, fica se enchendo de álibis para ater-se e tão somente amar o fruto de suas imaginações.

Porque se pensar bem, o amor “carnal” é a expressão máxima e extrema do amor entre duas pessoas. Se amam tanto que querem se unir num só corpo. E o ato é tão profundo que dali se pode gerar um terceiro ser. É lindo ou não é?

Para muitos o desejo sexual é um desejo baixo e menor.

Para mim, é a mais bela, profunda e verdadeira expressão de amor.