Enviado em 2018-02-18 14:36:01
Analisando umas fotos da arquitetura típica dos grandes centros da América Latina do início do século 20, em especial a (in)volução da avenida Rio Branco do Rio de Janeiro, me ocorreu que o primeiro grande fator de desordem urbana foi o surgimento do automóvel, o segundo, a publicidade. O terceiro, a fúria do movimento modernista contra a tradição arquitetônica ocidental, que destruiu tudo que pôde.Em qualquer tempo, entre 1750 e 1930, se pedisse a qualquer pessoa educada para descrever o objetivo da poesia, da arte e da música, eles teriam respondido: a beleza. E se você perguntasse o motivo disto, aprenderia que a beleza é um valor tão importante quanto a verdade e a bondade.
Então, no século XX, a beleza deixou de ser importante. A arte, gradativamente, se focou em perturbar e quebrar tabus morais. Não era beleza, mas originalidade, atingida por quaisquer meios e a qualquer custo moral, que ganhava os prêmios.
Não somente a arte fez um culto à feiura, como a arquitetura se tornou desalmada e estéril. E não foi somente o nosso entorno físico que se tornou feio: nossa linguagem, música e maneiras, estão ficando cada vez mais rudes, auto centradas e ofensivas, como se a beleza e o bom gosto não tivessem lugar em nossas vidas.
Roger Scruton em "Por que a Beleza Importa?" (2009) - Fonte
Ronaud Pereira
Publicado em www.ronaud.com/sociedade/decadencia-urbana-e-moral/