Enviado em 2020-05-21 23:42:48
Texto Publicado em 1 de agosto de 2017, atualizado com novas imagens em 21 de maio de 2020.A Avenida Rio Branco, para aqueles que não se lembram, é a antiga Avenida Central, inaugurada aos 15 de novembro de 1905 como parte de um projeto de modernização da cidade do Rio de Janeiro e como prova definitiva de que éramos “civilizados”. Foi uma obra concebida pelo engenheiro Paulo de Frontin que depois virou elevado e foi a pique vitimado pela “stress corrosion”, como se disse à época. “João do Rio a definiu como "esse grande Sabá arquitetônico de dois quilômetros", por onde passa "o Rio inteiro, o Rio anônimo e o Rio conhecido". Fonte
Concluída em apenas 20 meses e 7 dias, na inauguração, estava com 30 prédios prontos, 85 em andamento e apenas 4 terrenos a venda.
Estava toda pavimentada, arborizada, iluminada e com calçadas para pedestres feitas em pedra portuguesa formando desenhos artísticos, estas foram obra de 32 mestres calceteiros vindos de Portugal, cedidos pela Câmara de Lisboa.
A Avenida recebeu 53 paus-brasil e 358 jambeiros, para torná-la mais bela e fresca.
Foi planejada para ter 33 metros de largura e 1.800 metros de extensão, as calçadas tinham sete metros de largura e ainda foi previsto um refúgio para pedestres entre as duas pistas, o canteiro central, com árvores e postes de iluminação.
Para sua construção a equipe, encontrou diversos obstáculos nas condições topográficas, por exemplo o corte nos morros do Castelo e de São Bento. Também a resistência de seus antigos moradores e a opinião de políticos e da imprensa.
No projeto, seus idealizadores e construtores puderam com a sua construção, superar a largura da Avenida de Mayo, em Buenos Aires, o que ficou como motivo de orgulho, em quase tudo que se faz lá, está a velha competição por superar algo já feito.
Foi inaugurada em 15 de novembro de 1905, com grandes chuvas desde a véspera e com duras críticas da imprensa no tratamento às questões sociais que o empreendimento gerou.
André Costa
Na época da inauguração, a Avenida Central fazia a ligação do mar com o mar, pois a área onde hoje fica o Aterro do Flamengo ainda não existia. No ato da inauguração, a avenida contava com 30 prédios acabados, 85 em fase de construção, todos respeitando um padrão arquitetônico inspirados nos moldes parisienses.
Inaugurada com o nome de Avenida Central, a via foi rebatizada em 21 de fevereiro de 1912 em homenagem póstuma ao Barão de Rio Branco, um diplomata brasileiro responsável por garantir o acesso às fronteiras brasileiras.
A partir dos anos de 1940 as técnicas de arquitetura avançaram e evoluíram. Como consequência dessa evolução, os novos prédios que ali estavam sendo construídos acabaram perdendo o padrão respeitado pelos antigos, o que acabou descaracterizando-a arquitetonicamente. Fonte
Vista tomada em direção à Praça Marechal Floriano.
À esquerda, a esquina com a Rua São Bento e o edifício nº 21, 23, 25, 27, projetado pelo arquiteto Joaquim Bejarano e que sediou o Departamento de Immigração.
No canto direito (ao fundo), a esquina com a Rua Mayrink Veiga e o edifício nº 22, 24, 26, sede da Companhia E. F. São Paulo e Rio Grande e, mais adiante, a Caixa de Amortização.
Fotógrafo / editor: A. Ribeiro.
Cartão-postal circulado em 1908.
Edifício Lafont (depois rebatizado Palácio Rio Branco). Localizava-se na esquina da Av. Central e Santa Luzia. Foi durante anos o primeiro (e único) prédio de apartamentos luxuosos da cidade.
Era,segundo relatos da época, o retrato do que havia de melhor da arquitetura francesa. Seu interior era cópia fiel das mais luxuosas "maisons" parisienses do início do século.
Infelizmente, como quase tudo que existia naquela área, foi demolido.
Fonte/Pesquisa - Hemeroteca Digital Brasileira
Praça Marechal Floriano
À direita, o Palácio Pedro Ernesto, projetado pelo arquiteto Heitor de Mello e construído entre 1919 e 1923.
À esquerda (ao fundo), o monumento ao Marechal Floriano Peixoto, o Palácio Monroe e os edifícios que compõem o entorno do chamado “Quarteirão Serrador” (popularmente conhecido como Cinelândia).
É possível notar que o edifício do Cinema Pathé estava em fase de construção (seria inaugurado em 01/10/1928).
Fotógrafo / editor: desconhecido.
Breve texto sobre a demolição dos Hoteis Palace e Avenida
Em 1950 noticia-se a demolição do Palace Hotel, que viria a ser substituído por um edifício de 36 andares, o Marquês de Herval, inaugurado em 1952. Em 1951, ao findar o período Vargas, contabilizam-se entre 15 e 20 prédios demolidos e/ou substituídos por novos (além dos que ficavam nos quarteirões arrasados).
A década de 50 é marcada pelo governo JK. Graças a alta da inflação, ocorre um processo de supervalorização do solo urbano, e paralelamente um processo acelerado de renovação dos edifícios da Rio Branco. Ao final desta boa parte do que era a Avenida Central já havia sofrido grandes transformações, apresentando o maior índice de reconstruções, sendo responsável por 20% dos edifícios existentes hoje na avenida.
Em 1960 a cidade do Rio de Janeiro deixa de ser a capital do país, que é transferida para Brasília, representação de toda a modernidade que o Brasil deseja expor e que passa a exportar atraves de seus arquitetos. Em nome dessa modernidade, marcos importantes para a cidade, como a Galeria Cruzeiro, sob o Hotel Avenida, foram demolidos para em 1961 serem substituídos pelo Edifício Avenida Central, um verdadeira cidade vertical de 34 pavimentos e estrutura em aço, projetado pelo arquiteto Henrique Mindlin. Com o fim do terminal na Galeria, os bondes desaparecem do cenário da Rio Branco, o número de bancos começa a crescer, preconizando uma nova era onde o capital financeiro controla a economia e a Avenida cada vez mais se transforma em um lugar que se frequenta para trabalhar, fervilhando com milhares de pessoas durante os dias da semana e esvaziando-se durante a noite e o período de final de semana. Fonte
Ronaud Pereira
Publicado em www.ronaud.com/arte/uma-inacreditavel-av-rio-branco-o-rio-de-janeiro-do-inicio-do-seculo-xx/