Leia Nelson Rodrigues, Gilberto Freyre e Machado de Assis.
Leia o Bandeira, o Tolentino.
Seja humilde e imite-os.
Imite-os na cara larga, sem escrúpulos bobocas ou afetações de originalidade.
Escute Villa-Lobos, José Maurício Nunes Garcia e Tom Jobim; escute-os e se faça parte da música. Aquelas músicas são suas.
Absorva as filosofias de Mário Ferreira dos Santos e Olavo de Carvalho; melhor, absorva imaginativamente os filósofos. Veja fotos suas. Deixe-se impregnar do espírito que os liga a todos, a despeito e acima de suas diferenças. Imagine-se na presença deles; imagine-se um seu contemporâneo.
Imagine o Brasil em que viveram.
Deixar-se embeber do sabor, das disposições e inclinações do espírito, do fraseado e dos maneirismos e do gingar da vida e da peculiar gravidade ante a existência dos grandes espíritos do Brasil: eis o serviço prévio a que se deve prestar quem amanhã quiser ser um pouco menos burro do que é hoje.
E é serviço à larga imaginativo; um moldar espiritual que mal se deixa reduzir a palavras, e no mais se dá à paisana, metamorfoseando com vagar o mais recôndito da alma.
Mas é serviço INDISPENSÁVEL, e quem o pular há de cair fatalmente nas poses, no pedantismo, na invencível caipiragem do provinciano pasmado.