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Como ser um bom designer?
Enviado em 2011-08-19 20:08:31
Ou design for dummies
Pois é, eu
sou designer. Um
web-designer, mais especificamente. Embora já tenha trabalhado esporadicamente na criação de marcas e logotipos, bem como materiais de divulgação como
folders, lâminas e outros impressos, minha experiência maior está na área da criação e desenvolvimento de sites.
Quem trabalha com qualquer tipo de comunicação visual, acaba naturalmente desenvolvendo olhos
beeeem críticos a respeito do trabalho alheio. E o trabalho alheio envolvendo comunicação visual é lastimável.
Primeiramente, pelas questões levantadas nestes quatro textos sobre a realidade prática do design. Veja:
1,
2,
3 ,
4
Segundamente, porque o trabalho alheio, quase sempre amador, mesmo quando desenvolvido por "profissionais", é de fato lastimável.
Devo dizer que não considero meus trabalhos superiores. Porém não tenho qualquer restrição aos mesmos, porque sei que sempre, sempre, SEMPRE dei atenção à característica mais básica da comunicação visual:
A LEGIBILIDADE
Se você é amador, nunca estudou design (e nem pretende estudar), mas gosta de fazer uns trabalhinhos amadores aqui e ali, nunca, jamais, em hipótese alguma, esqueça de deixar o seu trabalho LEGÍVEL.
Se você é empresário(a) e está contratando serviços gráficos de design ou publicidade de alguma empresa, ou, que seja, do seu
sobrinho que mexe com computador (abra essa mão e contrate um serviço profissional,
please) nunca, jamais, em hipótese alguma, esqueça de escolher o resultado mais LEGÍVEL.
O trabalho não é pra você, o trabalho é para os outros entenderem. E como os
outros quase sempre estão mais preocupados com os próprios umbigos do que com qualquer outra coisa, é possível que não tenham tempo nem atenção suficiente para perceberem o quanto sua
obra-de-arte ficou
bonitinha. Por isso
repito de novo novamente pra você aprender:
Entre um resultado bonito, e um resultado legível, fique com o resultado legível.
Por quê?
Se você não entendeu ainda o porquê, explico: Mensagens visuais não são
enfeites visuais. Uma
logomarca, um banner, um cartão de visita não são
pra bonito; não são pra
enfeitar sua empresa.
SÃO PRA COMUNICAR O QUE SUA EMPRESA ESTÁ FAZENDO NESSE MUNDO!
E para haver uma comunicação eficiente, é bom que a mensagem seja compreendida pelo receptor, que será seu cliente.
Não é difícil.
É só querer :)
O que não fazer
Trago abaixo três exemplos não-sugeridos e um único sugerido, para você compreender bem o que quero dizer.
O que não fazer numa logomarca
Primeiramente devo dizer que não estou julgando as
logomarcas acima como feias ou bonitas, e sim, mais uma vez, se são compreensíveis e portanto, funcionais, ou não.
As duas primeiras são relativamente legíveis, e até apresentam um resultado estético agradável, porém não são compreensíveis. No caso da primeira, acredito que pouquíssimas pessoas sabem que a palavra inglesa
Ink quer dizer
tinta e que a expressão
InkMe quer dizer algo como "Pinte-me". A ideia é boa, original, autêntica, mas praticamente ninguém vai compreender. Vale comentar que poucas pessoas sabem sequer um mínimo de inglês de modo que o complemento
Tatoo Wear abaixo não será compreendido por ninguém de fora do segmento da moda ou das tatuagens.
A segunda
logomarca também é relativamente legível, porém comete o mesmo erro da primeira. Poucas pessoas saberiam dizer o que significa
Authentic Clothes. E mesmo que saibam, faltou especificar melhor com qual segmento de vestuário a empresa trabalha.
Utilizar expressões em inglês é um mal do "
branding" brasileiro. A alma colonizada do brasileiro mostra-se nesses pequenos detalhes aos quais todos estão acostumados e acham o
máximo. Não é! Só é justificável o uso de inglês nos itens de comunicação visual dos produtos quando serão definitivamente exportados. Do contrário, seu público-alvo será o brasileiro mesmo e será melhor e mais lucrativo para você se ele entender o que está comprando. Perceba que grandes empresas brasileiras tem nomes e slogans em português. Não é brega, é inteligente. Brega é ser
besta ;)
A terceira
logomarca acima realmente é lastimável. Um fundo
poluído, prejudicando o contraste do texto em primeiro plano o qual por sua vez necessitou de uma borda branca e um sombra escura para se destacar, o que
poluiu ainda mais o trabalho. Uma fonte tipográfica muito popular (
staccato ou alguma variação) irregular e dúbia, na qual você não sabe se a primeira letra é um P ou um D. E o pior, o segundo termo de cabeça pra baixo. Definitivamente, essa é a prova de que
inventar moda nem sempre é (quase nunca é) um bom negócio quando se está criando uma mensagem visual.
O que fazer
Um bom exemplo
O exemplo acima, que é a
logomarca do programa governamental
Luz para todos fala por si mesma, não? Ninguém dentro da normalidade cognitiva apresentará qualquer dificuldade de compreensão da mensagem expressada pela peça acima. Pode não ser a mais linda das
logomarcas, mas funciona.
Para que o designer experiente não me
atire aos leões por estar divulgando heresias aos ouvidos dos
gentios, devo dizer ao iniciante ou ao amador que
para ser um bom designer, é EVIDENTE que você terá que estudar e aprender muito. Porém esse
muito nem sempre pode ser tão efetivo quanto umas poucas e objetivas dicas. Quis com esse texto apenas compartilhar uma delas, a qual pode lançar o seu trabalho na frente de muitos, seja você um designer, seja um empresário contratando os serviços de um designer.
Ronaud Pereira
Publicado em www.ronaud.com/arte/como-ser-um-bom-designer/