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Vício em smartphones

Enviado em 2014-07-30 13:09:20

Sejam GENTE, pelamordedeus! Sejam GENTE, pelamordedeus!


...ou vício em ser idiota?

***

O site youpix, especializado nas inutilidades curiosidades da internet, comentou como o uso recente de smartphones pelas pessoas está mudando a estrutura de alguns negócios, em especial, o de restaurantes.

Comenta que como as pessoas costumam perder mais tempo usando os celulares durante a estada no restaurante, seja olhando o whatsapp, seja fotografando as comidas, os funcionários estão tendo que alterar algumas práticas para que tudo continue funcionando a contento.

Eu já caí nessa besteira de ficar fotografando comidas e bebidas para publicar no Facebook. Outros publicam no Instagram.

Fiz isso até me dar conta COMO É RIDÍCULA essa nossa necessidade de APARECER.

E é ridícula porque demoramos a nos dar conta que na verdade, ninguém muito a fim de saber onde você está ou o que você está comendo, por mais lindo que seja. E quando sabem, é mais provável que sintam aquela invejinha, do que uma real felicidade pela sua felicidade.

E se você publica coisas para os outros realmente sentirem inveja de você então certamente você está precisando de ajuda psicológica...

Novos hábitos


Esses novos hábitos, principalmente dos adolescentes e jovens é sempre assunto entre as pessoas com um pouquinho mais de noção.

Acho que esses novos e esquisitos hábitos podem ser divididos em dois: a desatenção com o outro, e a necessidade de atenção do outro.

Desatenção


O modo como preferem ater-se aos celulares mesmo quando estão numa ocasião social, revela seu individualismo e também, sua impaciência com os assuntos alheios e para ouvir os outros. E muito provavelmente, revela sua dificuldade de verbalizar qualquer comentário inteligível e, de conversar, meramente. Nesse sentido, o celular se tornou a grande bolha de proteção entre as pessoas e o mundo.

Mais uma forma de fuga, enfim.

Então o autor do youpix cita o termo "vício em smartphones".

:(

Eu entendo isso como vício em ser idiota (porque a mensagem que se passa é a seguinte: Ai como eu sou moderno e tecnológico e ansioso e não vivo sem meu celular, o que não passa de uma grandiosíssima frescura), porque o sujeito tem que ser muito fraquinho (ou mal educado) pra não conseguir compreender as situações em que está e ter o bom senso de largar o celular para dar um pouco de atenção para os outros. Já vi gente por aí dizendo que essa é a doença do nosso tempo:

A ridiculite.

Necessidade de atenção


Por outro lado, embora essa ~ turminha ~ esteja pouco disposta a doar sua atenção para os outros, nunca larga a necessidade de se exibir para os outros. E este hábito ou carência de atenção pode se desdobrar um pouco: Bom, todos nós gostamos e sentimos essa necessidade psicológica de compartilhar o que estamos sentindo ou pensando e mais: todos nós sentimos essa necessidade de nos sentir valorizados, seja pelo que temos, pelo que somos, pelo que sentimos ou pelo que pensamos.

O problema reside nos excessos. Tipo, o sujeito (ou a sujeita) não consegue redigir uma opinião qualquer, com começo meio e fim, mas vive o tempo todo compartilhando fotos: de si mesmo(a), do filho, do cachorro, do gato, da comida, da bebida, da festa, da viagem. Coisas que fazem muito sentido para si, mas quase nenhum para todos os outros contatos de sua rede social preferida.

Então volta-se àquela questão antiga: A pessoa quer atenção, mas não se toca que deve, primeiramente, oferecer algo de valor de si mesma. É gente querendo demais, e pouco disposta a oferecer algo de si.

Falta conteúdo, sobra vontade de aparecer.

Noção de prioridade, excessos e bom senso


Repito: o problema está nos excessos. Compartilhar qualquer assunto desse, de vez em quando, é perfeitamente natural e legal até. Mas encher a timeline alheia de si mesmo na verdade enche o saco dos outros a não ser que:

A - Você seja muito bonito(a);

B - Você seja inteligente e tenha o que dizer;

C - Você tenha bom gosto e compartilhe coisas realmente legais;

Da mesma forma a atenção ao celular, que é perfeitamente legal e uma grande distração para momentos em que se está sozinho, esperando alguma coisa e etc.

Mas a dica é a seguinte: Se alguém estiver por perto, essa pessoa é a prioridade, nem que seja um mendigo. Se essa pessoa estiver falando com você, largue o celular imediatamente. Ele (o celular, e as besteirinhas que estão sendo compartilhadas) pode esperar. Aja como gostaria que agissem com você, que tenho CERTEZA que gosta muito que lhe ouçam quando está falando.

Ronaud Pereira

Publicado em www.ronaud.com/bom-senso/vicio-em-smartphones/