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Como sair das dívidas - 2

Enviado em 2008-07-28 02:54:03

 

Leia antes: Como sair das dívidas - Parte 1

Qualquer um acha normal esse sistema sob o qual vivemos em que tudo que precisamos está no supermercado. Basta ir lá com algum dinheiro e trazemos as sacolas repletas de bens de consumo. Utilizamos muitos deles, guardamos outros tantos e outros ainda utilizamos uma única vez e depois vai ser guardado em algum canto até ficar velho e decidirmos jogá-lo fora. Agora imagine que a esmagadora maioria da população ocidental assim procede sem se dar conta da cadeia econômica da qual fazem parte. Mas grandes observadores chamam isso de sociedade do consumo. Onde você só faz diferença se consome. René Descartes hoje diria:
Compro, logo existo.

O que acontece é que a publicidade presente em todo canto para o qual olhamos nos faz acreditar que assim é o normal. E em nossa pequena e automatizada consciência, entramos no bonde sem saber ao certo para onde ele está indo. Vemos aquele ator de holywood dentro de um carro maravilhoso, com uma gata maravilhosa ao lado, num comercial qualquer, e automaticamente somos instigados por nosso próprio instinto humano, o da cobiça, a querer sermos como ele. Não nos estão vendendo um meio de transporte. O que nos vendem é um produto que nos torna melhores (que os outros) e que aquele produto inclusive nos servirá como um meio de transporte. É como os celulares, atualmente o maior exemplo da necessidade criada. Eles fazem de tudo, e acredite, até nos permitem falar com outras pessoas à distância.

Quando você pode pagar por tudo isso, ainda vá lá. Mas a questão é justamente quando, por inconsciência, começa-se a consumir e consumir e consumir por influência da mídia, das posses alheias e da inconstância do nosso ser, onde o consumo assume ares de terapia. E sem se dar conta de quem somos e para onde queremos ir, até chegar ao ponto das dívidas.

Eu repito, invista em auto-conhecimento. O desequilíbrio custa caro.

Como é bom sentir-se superior aos outros, hein? O orgulho humano faz de nós a mais boba das criaturas. Como se pudesse ser real. Mulheres ao verem as modelos perfeitas do comercial, se enchem de roupas da moda, cosméticos milagrosos crendo que se tornarão iguais as modelos. Então eu pergunto: Para quê é preciso se tornar igual a outra pessoa? Não é bom ser você? Um pouco de humildade nessas horas ajuda muito. Você precisa de um carro para transporte, ou para mostrar e convencer os outros que você é capaz e melhor? A quem você precisa convencer mesmo? Seja racional, vá por você. A opinião alheia é só isso: opinião. Mas a sua própria opinião a respeito de si mesmo é que é o combustível de suas ações.

Sim, como se pudesse ser real, já que isso tudo é efêmero. Há um típico procedimento psicológico em nós, que funciona desde crianças e vai até o nosso último dia de nossa vida, que é o seguinte: Aquilo que não temos, é TUDO para nós. Assim que conquistamos o objeto de desejo (isso vale para tudo, mesmo), ele perde a graça instantaneamente. Isso só não acontece quando "precisamos" - de fato - do objeto desejado, que então não é mais objeto desejado, mas objeto necessário.

Agora volte um pouquinho no tempo, imagine-se novamente no supermercado, re-analisando sua real necessidade pelos bens de consumo que você iria comprar. Imagine-se deixando o desnecessário lá, e voltando pra casa somente com o necessário, e com mais dinheiro no bolso. Sugiro e repito, seja você mesmo. Não seja a infinita leva de objetos e prazeres desregrados que você precisa para viver.

Precisou, compre! Não precisou? Pare! Respire! Pense! Olhe seu dinheiro com consideração.

Onde é melhor que o dinheiro fique, no seu bolso, ou na conta do comerciante?

Continua: Como sair das dívidas - Parte 3

Ronaud Pereira

Publicado em www.ronaud.com/bom-senso/como-sair-das-dividas-2/