Discordo ABSOLUTAMENTE dessa visão do Idelber, a respeito da frase d’O Pequeno Príncipe. Disse ele em seu perfil:

Recebi de uma revista uma pergunta curiosíssima: “qual a pior frase da história da literatura?”

Matutei um mucado e cravei: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” (de “O pequeno príncipe”). É das frases mais imbecis da história da humanidade. Cada adulto é responsável pelo seu desejo, ora bolas. Mesmo que ele não tivesse feito nada mais, o Seu Sigmundo* já teria valido a pena por nos ter demonstrado isso.

* Sigmund Freud

Fico me perguntando como pode gente tão inteligente como o Idelber se sair com uma dessas 🙂

Meses atrás eu já havia encontrado esta imagem pelo facebook, a qual me deixou estarrecido:

Desencanto

Quanto desencanto!

É tão difícil compreender que a frase do Exupéry diz respeito às pessoas que contam histórias, mentem e prometem o paraíso (estão cativando) e depois caem fora eximindo-se da responsabilidade que contraíram sim, pelo que prometeram? Onde se diz “cativar”, na frase d’O Pequeno Príncipe, eu leio “prometer, seduzir, conquistar”. Sendo assim, acredito que somos SIM responsáveis pelo que cativamos com nossas palavras e ações.

Evidentemente, numa relação entre duas pessoas, o outro – cativado, seduzido – tem sua responsabilidade por si mesmo, afinal, espera-se que, como adulto, aja como tal. E sabemos que ninguém é totalmente seduzido; ocorre que deixa-se seduzir. Mas, cativado ou tendo deixado-se cativar, seduzido ou tendo deixado-se seduzir, não está sozinho nesse jogo.

Não sei para você, mas para mim sempre esteve claro o quanto sou responsável pelo que digo aos outros. Nem todos com quem nos relacionamos têm maturidade emocional para se responsabilizar por si mesmos. Algumas pessoas trazem para a vida adulta muito da ingenuidade e da inocência infantil. Então é preciso cuidar com o que se diz, porque vão acreditar.

Claro que somos vulneráveis à nossa própria instabilidade emocional, o tempo passa, as coisas podem mudar. Então se precisarmos voltar atrás em nossas palavras, um pouco de jeito e outro tanto de tato são fundamentais para não machucar o outro muito mais do que já vai se machucar naturalmente com as mudanças inevitáveis.

Ainda acho que respeitar e levar em conta os sentimentos dos outros sinaliza grandeza de espírito.

Pode dar trabalho e exigir paciência, mas é mais humano e digno do que chegar ao outro dizendo que tudo acabou, com um alto e sonoro “f*da-se”.