Desde que me conheço por gente, encontrava em livros, revistas, programas televisivos, etc, mensagens nos orientando a não ligarmos para o que os outros pensam ou falam, e nem para assumirmos os valores alheios cegamente. A orientação geral sempre foi a de ouvirmos (e seguirmos) nossa consciência, ou nosso coração, como preferem os mais românticos.

Mas isso tem um preço alto. Não sei quanto a você, mas quanto a mim, praticamente todos com quem entro em contato se sentem influenciados fortemente por questões como prestígio, marcas, status, etc.

Confesso que ao mesmo tempo em que também eu me sinto atraído por essas questões, desde criança essa atração trazia consigo uma certa desconfiança de que as coisas “chiques”, importantes e sofisticadas, e não só “coisas”, mas também as pessoas que ostentam esses valores, no fundo, bem no fundo, são pessoas tão simples quanto eu. E que por algum motivo, muito provavelmente pela necessidade latente de se sentirem importantes, ou amadas, isto é, por carência de atenção,  buscam na ostentação e no alarde o valor que não encontram em si mesmas.

É difícil conviver com essa percepção. Vivemos num mundo de mentirinha, como dizíamos quando crianças. Hipocrisia pouca é bobagem. O mundo corporativo então, é uma lástima nesse sentido. É raro, muito raro e até gratificante encontrar alguém nesse meio que aja com naturalidade. Gente que dispense a necessidade de “parecer” mais do que é. Em parte é até compreensível. O marketing, a publicidade, a necessidade de aumentar as vendas nos forçam a mentirmos, a aumentarmos, a aludirmos coisas que não existem.

E sustentar todo esse mundo criado é ainda mais difícil. Você estará sempre sentindo como se equilibrasse pratos (ou mentiras). Contudo, pra quem sabe que o trovão faz o raio parecer maior do que é, essas aparências não colam.

A gratificação de encontrar gente assim, natural, me é imensa, porque sei que também essas pessoas pagam um preço desconfortável por serem quem são em seus íntimos. Você precisa ser muito desprendido e desapegado desses valores comuns e supérfluos, mas quase onipresentes. Parece que você está sempre do lado de fora. Mas quem é mesmo que está do “lado de fora”?

Não é a toa que movimentos como o Nova Era, no século passado, e o Slow Life, atualmente, ganham força. Viver na mentira cansa. Frustra e angustia. O preço de existir assim é muito alto. Chega um momento em que você constata que o preço de viver com simplicidade, só com o que você precisa mesmo, é muito mais barato e traz muito mais benefícios.

E você, tem alguma experiência nesse sentido?