Todo tipo de fuga psicológica é considerada uma “válvula de escape”.

Sendo assim, a vida diária pode ser considerada uma válvula de pressão, com cobranças, responsabilidades e compromissos sem fim, coisas com as quais nem todos lidam muito bem.

Porque são coisas sem muito sentido. Ora, o que se ganha de BOM, de REALMENTE PRAZEROSO, suportando tantas pressões?

Esta ausência de sentido aliada ao peso que tais tarefas nos impõe, torna bem compreensível essa fuga que praticamente todo mundo faz, de alguma forma, seja em baladas e outras diversões, hobbies, esportes, drogas, misticismo, comilança, consumismo, etc.

Praticamente toda atividade é uma fuga, umas são saudáveis, outras não.

♪ Vamos fugir, pr’outro lugar, baby ♫

… Pra onde quer que você vá. Que você me carregue 🙂

Já enfrentei momentos extensos de tédio e marasmo na vida. Minha fuga era não fazer nada, não por preguiça, e sim por medo, insegurança, etc. Foram anos de uma mesmice infindável. Vida social zero.

Era ruim, mas como tudo que é ruim, teve o lado bom. Me fortaleci na tarefa de encarar a angústia de existir, e a crueza da realidade, de frente. Aprendi a viver sem ter qualquer sentido para a vida.

Estar triste é, quase sempre, pensar em si mesmo. Jacques Anatole France – poeta e romancista francês

E isso me tornou um tanto impiedoso com quem se agarra como pode a qualquer distração mais fútil, o que costumo chamar de muletas existenciais. Volta e meia me vejo com dificuldade de assimilar o fato de que praticamente todo o progresso tecnológico que vivemos teve como um dos principais fins, distrair-nos completa e absolutamente de nós mesmos.

Mas o tempo passou.

Hoje aprendi a compreender que ninguém tem obrigação de ser forte, e que a maioria não conseguiria, nem se quisesse.

Enxerguei, sobretudo, que não há muita alternativa a não ser, justamente, distrair-se da vida.

Escape, corra, fuja como pode.

Enquanto há tempo.