Sempre achei que essa separação política entre direita e esquerda, além de ultrapassada, é fundamentada nas capacidades do indivíduo, afinal, não se vê por aí grandes empresários de esquerda.

Também nunca achei que o capitalismo fosse algo construído pelos poderosos para f. com o povo. Muito pelo contrário.

Embora minha visão da política se identifique totalmente com a visão de Eduardo Galeano, para quem a liberdade de eleições nada mais é do que a liberdade de escolhermos o molho com o qual seremos devorados, minhas opiniões acima me colocariam sob um posicionamento político de direita.

Mas uma direita um tanto mais consciente de sua posição no mundo, que acredita que o governo tem SIM que cuidar e conduzir quem não consegue cuidar de si mesmo (acredite, gente assim existe). Uma direita que sente vergonha alheia ao observar um indivíduo de classe média que sabe ganhar dinheiro, mas permanece mal educado, inculto, com uma visão de mundo pobre. Um indivíduo que não enxerga um palmo  além do próprio umbigo e se refere a minorias de modo hostil, incapazes de olhar o outro com um mínimo de entendimento, empatia e humanidade.

Um termo muito utilizado por esquerdinhas para se referir aos de direita é o termo reacionário, ou “reaça”, o qual já adotou o statusde xingamento. E entendo que muitos da direita merecem mesmo ser referidos por um termo assim.

Mas não todos.

Quem acompanha autores progressistas, de tendências esquerdistas, vai perceber em suas mensagens que todo e qualquer ser de direita não precisava existir, sem perceberem que se isso acontecesse, o sistema empresarial mundial, composto em sua totalidade por empresários que amam o dinheiro, implodiria, e os tais autores acabariam até sem papel para limpar o próprio c.

Você só pode ser contra o sistema se estiver disposto a limpar o traseiro com folhas de bananeira.

Esse pessoal de esquerda é sonhador demais, e insiste em suas idéias utópicas mesmo quando já foram colocadas em prática e não deram certo, vide a extinta União Soviética, a capenga Cuba e a farsa comunista chinesa, que só conseguiu prosperar ao abraçar o sistema capitalista.

É preciso entender que o sistema comunista, e seu herdeiro revisto e atualizado, o socialismo, não funcionam plenamente, porque apostam na igualdade das pessoas, quando as pessoas não querem ser iguais. Elas não conseguem ser iguais. Um pouco de realismo os ajudaria a focar seus esforços no que pode realmente ser mudado, dispensando-os de lutarem contra monstros invencíveis… que só existem em suas cabeças.

Abaixo, segue alguns textos que fundamentam essa minha visão:

A democracia, sua sensibilidade e seus idiotas

[…] Mas, voltando a liberdade x igualdade, principal tensão na democracia: segundo Tocqueville, não há como evitar essa tensão porque ambas são valores de raiz da democracia. Quando você dá mais espaço para a liberdade, a tendência é de que a democracia acentue as diferenças entre as pessoas e os grupos que nela vivem. Porque a liberdade é a chave da capacidade criativa e empreendedora do homem. Quando você acentua a igualdade, a democracia ganha em nivelamento e perde em criatividade e geração de abundância para as pessoas. O politicamente correto é um caso clássico de censura à liberdade de pensamento, por isso, sob ele, o pensamento público fica pobre e repetitivo, por isso medíocre e covarde. Quando se acentua a igualdade na democracia, amplia-se a mediocridade, porque os covardes temem a liberdade. Por exemplo, os regimes marxistas, assim como os fascistas de direita (os marxistas são os fascistas de esquerda), reduziram o pensamento e a vida das pessoas ao nível de um formigueiro. […]

Luiz Felipe Pondé em Guia Politicamente Incorreto da Filosofia

Utopia Sinistra

“O comunismo é uma espécie de alfaiate que quando a roupa não fica boa faz alterações no cliente”, disse Millôr Fernandes. O século XX e os 100 milhões de mortos do socialismo real provam que Millôr estava certo. O grande problema da utopia que se diz científica foi realizar experiências com seres humanos, não com ratinhos de laboratório.

O comunismo de modelo soviético ruiu a partir de 1989, com a queda do Muro de Berlim (“Mr. Gorbachev, tear down this wall!”, dissera Ronald Reagan dois anos antes). Mas o projeto socialista já vinha assumindo outra forma, a de dominação cultural, definida nas obras do pensador italiano Antonio Gramsci. Trata-se de uma espécie de marxismo reinventado segundo os moldes de Maquiavel. O Príncipe virou o Partido Político.

Na era do marxismo cultural, as mudanças promovidas pelo alfaiate revolucionário não consistem no extermínio físico do adversário ideológico, mas em sua eliminação política, intelectual e moral. Os militantes modernos não matam o “inimigo do povo” – preferem condená-lo ao isolamento, à submissão, ao silêncio.

Mas – com o perdão do clichê – a luta continua! Há resistências, como prova o lançamento do livro “Por que virei à direita”, em que três intelectuais explicam a sua opção pelo conservadorismo liberal. João Pereira Coutinho, Denis Rosenfield e Luiz Felipe Pondé revelam que o amor radical pela humanidade, preconizado por Rousseau e por seus filhotes revolucionários de todos os tempos, em geral revela ódio e desprezo pelo ser humano considerado individualmente.

Enquanto a luta de classes – essa ideia tão científica quanto o boitatá – continuar sendo usada como regra para medir o mundo, precisaremos de intelectuais com a coragem de Coutinho, Rosenfield, Pondé, José Monir Nasser, Carlos Ramalhete, Reinaldo Azevedo, Olavo de Carvalho e outros “inimigos do povo” (como também o foram Carlos Lacerda, Nelson Rodrigues, Gustavo Corção, José Guilherme Merquior, Roberto Campos, Paulo Francis). Eles sabem que a utopia pode ser sinistra.

Paulo Briguet

A esquerda é autoajuda

A esquerda é abstrata e mau-caráter porque nega a realidade histórica humana a fim de construir o seu domínio sobre o mundo. Vende elogios ao homem para assim tê-lo como um retardado mental a seu serviço. A esquerda é puro marketing. No fundo, não passa de autoajuda.

Caso a guerrilha de esquerda tivesse vencido no país, ela poderia ter feito do Brasil uma grande Cuba (a ditadura, com toda a sua miséria, “nos salvou” do pior). Fora isso, após a ditadura, a esquerda tinha nas mãos as universidades, as escolas, as redações dos jornais, grande parte dos tribunais e os principais partidos políticos (PT e PSDB são filhotes da esquerda).

Nos últimos anos, a esquerda venceu a batalha no Brasil (com exceção da economia, porque com dinheiro não se brinca). No que se refere à vida intelectual, ela persegue qualquer um que não reze por sua cartilha. Mas eu, como dizia o grande pensador Nelson Rodrigues, “sou um ex-covarde”. Não tenho medo deles. Que venham.

Luiz Felipe Pondé em Por que virei à direita

Os Sem IPads

[…]

Em 2011 assistimos à quebradeira que jovens londrinos fizeram em lojas de marcas caras da cidade para roubar bolsas Prada, iPads, iPhones e Blackberries. Coitadinhos deles, os “sem iPads”…

Muitos especialistas em psiquiatria social já tinham alertado para o fenômeno dos jovens ressentidos contra o fato de a sociedade não lhes dar bolsas Prada como parte do welfare state (Estado de bem-estar social).

Como diz o psiquiatra inglês Theodore Dalrymple, o ressentimento é um dos sentimentos mais fortes e duradouros na experiência humana, e o welfare state, ao encher as pessoas com direitos a (quase) tudo, cria uma situação peculiar, que é fazer com que os cidadãos sejam, ao mesmo tempo, ingratos com o que recebem (já que tudo o que recebem é direito “inalienável”) e ressentidos quando não recebem seus “direitos”. Não há saída para essa equação de geração de preguiça e mau caráter. E esses “direitos” custam caro. Quem paga a conta? Quem trabalha, é claro. A minoria sempre carregou o mundo nas costas.

O welfare state nega o fato de que poucos são mais capazes, mais inteligentes, mais esforçados e mais disciplinados e que por isso devem gozar dos resultados das suas virtudes. Dizer isso é politicamente incorreto, mas é verdade. A praga politicamente correta (e seu parceiro, o Estado de bem-estar social europeu, responsável em grande parte pela derrocada da Europa nos últimos meses) estimula o vício e pune a virtude por não a reconhecer e por fazer com que ela pague a conta dos vagabundos.

Luiz Felipe Pondé em Guia Politicamente Incorreto da Filosofia