Certas pessoas têm uma necessidade visceral de serem/se sentirem/parecerem importantes. Mas depois que eu li aquele livrinho fantástico de Dale Carnegie, aprendi a entendê-las.

Se estão diante de um fato aparentemente importante/inusitado, rapidamente sacam suas máquinas fotográficas digitais, maquininhas agora onipresentes, e tratam logo de fotografar. Pra que? Pra mostrar pros outros, é lógico. Pra provar que estiveram ali presentes. Ou quem sabe pra pôr no Facebook e mostrar pra quem não quer ver. Até parece que vão ficar revendo aquela fotografia com alguma frequência. Em vez de absorverem toda a sensação de estarem diante de um fato importante, presenciando segundo após segundo, não! Preferem ver o fato através das lentes da câmera.

Nesse sentido, não vivem, digitalizam!!!

Não critico o ato interessantíssimo de fotografar. Muito pelo contrário. Critico tão somente a obsessão fotográfica de quem não está se importando tanto com o fato em si, e sim em mostrar aos outros que se esteve diante do fato. Basta um acontecimento inusitado e uma corrente de celulares fotográficos apontando para o mesmo se forma instantaneamente em volta.

Tudo bem, tudo bem, eu é que sou chato.

Algumas dessas pessoas são daquelas que NÃO PERDEM UMA OCASIÃO SEQUER de demonstrar, seja através de histórias, posses, contatos importantes, que elas são realmente mais importantes do que você.

Se estamos os dois com gripe, a dele foi pior, o fez sofrer mais, logo ele suportou mais do que você e por consequência é mais forte do que você e enfim, a consequência das consequências, aquela consequência latente, subentendida, inevitável: Demonstra-se que ele é mais importante que você.

Se você comprou um computador/celular/whatever novo e quer compartilhar sua alegria de ter adquirido um “brinquedinho” novo, esqueça. Você não sabia que ele acabou de comprar aquele último computador/celular/whatever MUITO MELHOR que o seu? Ele não vai falar diretamente que tem algo melhor que você, mas vai começar a destilar citar todas as infinitas funcionalidades do aparelho, das quais talvez vá usar duas ou três. E vai perguntar se o seu tem essa ou aquela funcionalidade. E talvez tenha, talvez não, mas você, já broxado, responde: “não sei…”

Se você está cansado, porque trabalhou o dia inteiro, nãããããoooooo! Ele trabalhou mais, se esforçou mais, foi até lá e depois cá, escalou montanhas, cavou túneis, está muito mais cansado que você, mas tá ali, guentando o tranco heroicamente até o fim do dia, logo, é mais forte, mais capaz e acredite, MAIS IMPORTANTE QUE VOCÊ.

Ser humilde é uma benção, não pela humildade, ou por uma suposta bem-aventurança cristã, mas simplesmente porque quem é capaz de ser humilde, torna-se automaticamente capaz de ENXERGAR o mundo com olhos sensatos, que se atem à essência, e não a aparências. Que têm a noção de que essencialmente somos todos iguais e limitados. Quem se deixa levar/convencer por status e posições está enxergando um mundo ilusório. A presunçosa ilusão de que resolve alguma coisa mesmo, na vida, demonstrar que se é “melhor” do que os outros. Apenas demonstram, porque, superior, mesmo, você sabe quem é, e não precisa alardar.

Você se basta!

O legal mesmo é você aprender a ouvir essas m*rdas e ficar só nisso, ouvindo. Não leva a sério, coitados deles, que têm essa necessidade de DEMONSTRAR a superioridade que não têm. Não vejo de outro modo o quanto a DISCRIÇÃO é componente fundamental do sucesso duradouro.

Gente discreta é linda!