O que me faz perder a fé em algumas pessoas é o tal do “desculpismo”. A desculpa – essa saída fácil para não se assumir a responsabilidade diante da vida – dói em meus ouvidos.

Desculpismo, ou vitimismo, como queiram. Há quem não concorde e prefira conviver com a idéia de que a sociedade, os outros, a vida, o mundo etc, são responsáveis por nossas sortes ou agruras. Mas será que é assim mesmo? Então é desse jeito? É só cruzar os braços e esperar que a vida, o governo, os ricos, Deus, etc, resolvam meus problemas?

Perigoso isso não?

É lógico que eu invento desculpas aqui e lá… Há situações em que não dá! Fugir é preciso! Essa “hipocrisia” é necessária no dia a dia. As pessoas aceitam certas decisões nossas tranquilamente, quando colocamos a “culpa” da impossibilidade numa doença, num compromisso anteriormente assumido, na morte do parente, no trânsito, na chuva, enfim, nos fatos inevitáveis da vida. Mas o ideal é não dever nada a ninguém e não precisar inventar desculpas. É uma boa opção de vida, ou a melhor.

Mas venho falar desta notícia que encontrei aqui (a página foi removida).

Ela fala da pouca leitura em relação à população brasileira em geral, e a maior proporção de quem não costuma ler entre a terceira idade e bla bla bla porque já não é novidade. A certa altura do texto, são citados dois exemplos de senhoras que não leem porque estão velhas, porque perderam a concentração, porque tem que cuidar dos netos, porque não tem tempo, porque não tem paciência, porque isso, porque aquilo.

É aquela história. Quando alguém quer alguma coisa, dá um jeito e consegue. Quando não quer, inventa desculpas. Faz um bom tempo vi nesses programas jornalísticos da TV uma senhora de 96 anos, morando sozinha, totalmente autônoma, lendo, tocando piano, escrevendo poemas e compondo suas musiquinhas. Coisa linda mesmo! E vergonhosa para todos nós que temos toda a saúde e ainda assim continuamos… inventando desculpas!

E isso não é tudo. Na mesma matéria encontrei o seguinte trecho:

“…o que reforça que o poder aquisitivo é significativo para a constituição de leitores assíduos.”

Que conclusão precipitada, do jornalista. E lá fui eu e comentei:

Será que não é o contrário?

Será que leitores assíduos não tendem a reforçar seu poder aquisitivo???

Semanas atrás dei uma passada num sebo localizado no centro de Itajaí e lá estavam ótimos exemplares de Nietzche, La Bruyerè, Comte, Machado, entre outros. Sabe quanto cada exemplar?

R$ 3,00.

Mais barato que uma Coca-cola aqui no mercadinho do lado.

Precisa dizer mais alguma coisa?