Essas épocas turbulentas, no âmbito das finanças mundiais me convencem na prática de algo que estou percebendo – e vivenciando – recentemente. Já ouvi vários “especialistas” falarem da importância que a poupança tem para o começo de uma vida financeiramente equilibrada, ou seja, na medida em que você se propõe a viver com menos do que se ganha, e passa a guardar aquilo que sobra do seu orçamento mensal, estará não só dando o passo inicial para o enriquecimento, como estará melhor preparado para enfrentar os momentos de crise (ou simplesmente de baixas), até que passem.

Podem falar o que quiser do dinheiro, mas nada me faz mudar a opinião de que ele é sim, a porta de entrada para uma vida muito mais proveitosa e intensa. Muitos diriam: “Ah, mas dinheiro não é tudo“. Não, há coisas para as quais o dinheiro realmente não serve. Mas há coisas para as quais ele é indispensável. O pensamento de que dinheiro não é tudo é aquele pensamento 8 ou 80, tudo ou nada, típico de quem não consegue conviver com o equilíbrio. Mas o melhor raciocínio para se entender a verdadeira posição do dinheiro em nossa vida é simples. Me responda, se fosse para escolher, você preferiria suas mãos ou seus pés? Difícil, não é? Ora, os pés servem para uma função, as mãos para outra, e se complementam, muito embora uns vivam metendo os pés pelas mãos 😉 Cada parte do nosso corpo tem sua utilidade e o bom é ter tudo certinho no seu devido lugar. Com o dinheiro é a mesma coisa, ele serve para certas coisas, assim como o amor serve para outras, a amizade para outras, e assim por diante, e o bom é ter a quantidade certa de cada um deles.

A importância da poupança

Pois bem, quero falar da poupança. Aquele dinheirinho que guardamos (ou deveríamos guardar) que repetidas vezes salva a pátria. Ele funciona como um air-bag que nos protege dos impactos dos altos e baixos da sociedade e do nosso orçamento. É o que temos visto na relação do Brasil com a crise financeira internacional. Com os 200 bilhões de reservas acumuladas nos últimos anos pelo Banco Central, que são como uma importante poupança nacional, estamos relativamente tranquilos em relação ao que se passa lá fora. Evidentemente, um impacto haverá, os próximos meses serão mais austeros para a nossa economia, mas como tudo passa, essa crise também vai passar e com os altos níveis de reservas que temos, seremos muito menos prejudicados se compararmos a situação atual com as crises do fim da década passada.

No nível individual ocorre o mesmo. Se você tem um orçamento mensal, separe sempre 10% ou mais desse orçamento para uma poupança, e deixe lá. É um dinheiro seu. Pague a si mesmo(a) antes de pagar aos outros. Com o passar do tempo, você não só terá a possibilidade de investí-lo para conseguir maiores rendimentos, como constatará a quantia de “galhos” que esse dinheiro vai “quebrar”.

Só o hábito de viver no azul já compensa em vários aspectos. Primeiro que você dorme tranquilo. Não gastando o que não tem – o que por si só já é um grande ato de auto-disciplina e humildade – vai levar as coisas na boa e poupará sua saúde, com o estresse que você deixará de experimentar. O que é necessário custa pouco, só os supérfluos custam caro. Sem contar aquela horrível sensação, a síndrome do arrependimento pós-compra, que sentimos após comprarmos algo relativamente caro mais por impulso do que por necessidade. Você já sentiu isso? Volta e meia eu faço uma dessas e me corrói a alma.

Segundo, tem aquele ditado que diz que de grão em grão a galinha enche o papo, quer dizer, pagando as contas em dia, estará deixando de pagar um jurinho aqui, uma multinha ali, que somados no fim do mês, devem pagar talvez uma pizza, um cinema, qualquer coisa que lhe trará um imenso prazer. Esse raciocínio se complementa com o fato de que, evitando de pagar juros, ganhando aquele descontinho (que parece mínimo) por pagar aquela prestação adiantada, você automaticamente está GANHANDO DINHEIRO, já que os juros e os descontos ficarão no seu bolso, e não no do comerciante. É assim, dinheiro faz dinheiro até nas mínimas coisas.

Há quem pense equivocadamente que não adianta dar atenção às pequenas quantias. Que o que querem é dinheiro grande. Mas acredite, você jamais saberá administrar grandes quantias enquanto não aprender a administrar as pequenas. Elas até virão, mas se ficarão e se multiplicarão, somente sua competência dirá. Cá entre nós, eu tenho um carinho com as moedas que você não pode imaginar, porém não as guardo por muito tempo, meu dinheiro deixo guardado no banco, as moedas devem estar circulando, já trabalhei em comércio e sei a dificuldade que é trabalhar sem troco.

Certos pontos de vista metafísicos nos levam a crêr que não devemos poupar para as fases ruins, pois assim um dia elas virão atraídas por nossas expectativas. Acredito nisso, não devemos em hipótese alguma esperar o pior, pois isso nos traz uma péssima perspectiva. Acredito que a vida nos vem em ciclos. Vejo isso acontecer com todos, e essa nossa época nos mostra que também o mundo vive em ciclos, sendo este um dos piores em termos financeiros. Não há mal que nunca se acabe nem bem que dure para sempre. E tenho entendido o hábito de poupar parte do que se ganha como a melhor ferramenta para passar por fases ruins. Não é uma questão de segurança, mas de inteligência.