Já ouvi em algum comentário antigo que 40% dos americanos são analfabetos funcionais, isto é, a cada 10 americanos, 4 até sabem ler, mas não sabem interpretar o que estão lendo. Não sabem contextualizar a mensagem lida em relação ao esquema geral das coisas sob o qual vivem.

Dadas as condições gerais da educação brasileira, presumo que no Brasil este número seja MUITO maior… Quem sabe 60, ou 70%. E isso acontece porque além do brasileiro ser mal alfabetizado (e uma parcela da população trazer do berço uma certa má vontade em relação a isto), ele lê pouco, e se informa pouco, e conhece muito pouco da cultura geral. Então como contextualizar é estabelecer relações entre diferentes níveis de informação, quem tem pouca informação não tem como contextualizá-la e sai logo acreditando que aquilo que está lendo, que é das poucas e primeiras informações que está obtendo, é a verdade verdadeira de todas as verdades absolutas e universais.

Mas nunca é.

Para sair dessa circunstância limitadora, é fácil: Desconfie de tudo que lê ou ouve.

Se você encontrar, internet afora, um texto, mensagem, vídeo, etc muito nonsense, muito fora do convencional, muito nadaver, um texto que elogie demais algum tema, ou dele discorde descaradamente, como se não houvesse amanhã… Considere a forte possibilidade de que seja uma IRONIA.

Especialmente, se você concordar demais ou discordar veementemente do que está sendo dito.

Nem tudo nesse mundo se refere a você e seus interesses, valores ou princípios.

Aliás, quase nada se refere precisamente a você nesse mundo…

Você que fica se colocando no centro de tudo.

Não se leve tão a sério.

Exercício

Leia o texto abaixo, se for mulher, sem ofender-se, se for homem, sem concordar com ele:

Toda mulher é uma puta

Toda mulher é uma puta. Inclusive a sua mãe. Toda mulher é uma puta. Inclusive a sua. Toda mulher é uma puta. Inclusive. Toda mulher é uma puta, até que se prove o contrário. Toda mulher é uma puta e cobra barato. Toda mulher é uma puta e tem seu valor. Toda mulher é uma puta e merece respeito. Toda mulher é uma puta, graças a Deus.

Toda mulher é uma puta. Quando dá na primeira noite. Quando não dá no primeiro encontro. Quando dá o cu. E quando não dá também. Toda mulher é uma puta se posa pelada. Se sai de sainha. Se sai sem calcinha. Toda mulher é uma puta quando finge o orgasmo. Quando cospe. E quando engole também. Toda mulher é uma puta chupando buceta.

Toda mulher é uma puta maldita quando fecha as pernas pra você. Toda mulher é uma puta desbocada quando fala palavrão. Atrevida quando te desafia. Sem-vergonha quando dá mole, quando dá de quatro, quando dá motivo. Quando apanha. Calada. E quando apanha. Gritando. E quando denuncia. Quando enfrenta. Quando reage. Puta mãe solteira. Quando faz um aborto, quando tira o útero. Quando joga a criança no lixo. Puta.

Toda mulher é uma puta se senta de perna aberta, se peida, se arrota, se coça o saco. Quando ganha mais que você. Quando é mais inteligente, mais sexy, mais bem sucedida, mais vivida e mais gostosa que você. Toda mulher é uma puta quando manda em você. Toda mulher é uma puta quando come mais mulher que você.

Toda mulher é uma puta mesmo sendo um cara. Mesmo se tiver barba e bigode, um pau enorme e pentelhos grossos. Seu vizinho e seu irmão. Toda mulher é uma puta se for o seu zelador. Todos somos umas putas quando estamos. Amargos, cansados, famintos, angustiados, magoados, desenganados. E quando temos dor de barriga. E quando pisamos no calo de alguém. Quando tudo dá errado. E na vitória, somos putas. E ganhando na megasena. Putas!

Então somos todos umas putinhas arrombadas no inferno e nos restaurantes fast-food. No alto do Himalaia e rodando bolsinha na alça de acesso da Marginal. Afinal puta que é puta não conhece fronteira, moral nem contra-mão. Puta que é puta não pede perdão. Nem permissão. Puta que é puta paga sua própria fiança. E sabe os filhos que tem.

***

O blog onde o texto foi publicado originalmente saiu do ar (http://deproposito.com/2013/05/30/toda-mulher-e-uma-puta/). Há uma cópia nesta página do Facebook.

Pare e reflita sobre para quem ele se destina (dica, se for mulher, não [necessariamente] é para você, se for homem, talvez, e apenas TALVEZ, seja para você).

Vá até o link onde o texto foi publicado, no Facebook, e leia alguns comentários e perceba como as pessoas se ofendem e ficam bravinhas com a autora.

Agora, evite pensar ou parecer-se como elas.

Fim da lição.