Enviado em 2017-06-24 12:44:54
Arquitetura é muito mais do que uma casa bonita.Enquanto o Metrô desviava o trajeto da linha para poupar o Palácio Monroe de sua demolição, três figuras muito conhecidas dos brasileiros pediam ferrenhamente a sua demolição. Eis seus nomes:
1. GENERAL ERNESTO GEISEL: Quarto presidente militar desde o Golpe de 64. Empossado pelo Colégio Eleitoral em 1974. Nutria um ferrenho horror pelo filho do Coronel Arquiteto Francisco Marcelino de Souza Aguiar, projetista do Palácio Monroe, . A raiva que Geisel sentia dele foi originada quando o filho de Souza Aguiar foi promovido no Exercito em detrimento de Geisel. Por puro ódio e vingança, Geisel aproveitou seu poder de Presidente da Republica e simplesmente autorizou a demolição do Monroe, acabando com o premiado projeto do pai de seu inimigo.
2. ROBERTO MARINHO: Jornalista. Chefe das Organizações Globo. É de conhecimento público o apoio dado por Marinho aos militares desde a época do Golpe. Aproveitando a grande circulação do Jornal O Globo, fez uma enorme campanha a favor da demolição do Monroe aproveitando-se da obra do Metrô. Quase que diariamente O Globo publicava editoriais exigindo o desaparecimento do Palácio. Fica claro que esse apoio aos militares visava sempre ter os benefícios que o governo federal podia proporcionar. No ultimo editorial publicado pelo Globo podia-se ler as seguintes palavras:
Por decisão do Presidente da Republica, o Patrimônio da União já está autorizado a providenciar a demolição do Palácio Monroe. Foi, portanto, vitoriosa a campanha desse jornal que há muito se empenhava no desaparecimento do monstrengo arquitetônico da Cinelândia. (...) O Monroe não tinha qualquer função e sua sobrevivência era condenada por todas as regras de urbanismo e de estética. Em seu lugar o Rio ganhará mais uma praça. Que essa boa noticia, que coincide com o fim das obras de superfície do metrô da Cinelândia seja mais um estimulo à remodelação de toda essa área de presença tão marcante na historia do Rio de Janeiro.
3. LUCIO COSTA: Arquiteto. Defendia também a demolição do Monroe. Com qual intuito? O de dar chance à arquitetura brasileira moderna? Ou ser mais um agraciado pelo Governo Federal quando fosse preciso? Costa chegou ao cúmulo de passar abaixo-assinados em associações de arquitetos para endossar a demolição do Monroe. Foi mal visto na época por seus colegas que nunca o perdoaram por esse gesto criminoso.
Do lado oposto à demolição estavam arquitetos, o CREA, o Jornal do Brasil, o Juiz Federal Dr. Evandro Gueiros Leite (que sugeriu que o Monroe sediasse o Tribunal Federal de Recursos, que estava sem sede), o Serviço Nacional do Teatro, a Fundação Estadual dos Museus, a Secretaria Estadual de Educação, e várias outros entidades importantes e principalmente o povo carioca. Em vão...
Portanto, essas três figuras pisotearam e riram dos apelos de todos e foram os principais responsáveis pelo desaparecimento de um importante pedaço de nossa historia.
Ronaud Pereira
Publicado em www.ronaud.com/arte/palacio-monroe-depredacao-patrimonio-arquitetonico-brasileiro/