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Se EU não gosto, então não presta
Enviado em 2013-04-24 11:00:58
Tapa na cara daz'elite
Gosto de praticamente todos os estilos musicais, entendendo que todo estilo tem suas obras-primas e suas muitas outras obras medianas. Portanto, gosto
TAMBÉM de sertanejo universitário, e reconheço que o nível geral das composições é baixíssimo.
Mas são músicas divertidas.
Sei lá, não vejo como animar uma festa com MPB ou com Mozart. Até o rock, com seu tom agressivo e rebelde não me parece o melhor tipo de som para "animar" qualquer ocasião.
Por isso
este texto (clique e leia, se tiver tempo e paciência) me soou preconceituoso, e o autor, um intelectual sim, inteligente e embasado, mas que
não compreende como que a maioria das pessoas não compartilha de seu nobre gosto musical. Generaliza terrivelmente acusando categoricamente que a ampla maioria dos jovens brasileiros sofrem de inanição cerebral, enquanto que... eles só querem se divertir. Jovens não tem obrigação de se intelectualizarem tão cedo quanto possível.
Ninguém tem!
Intelectualidade desenvolvida
não faz ninguém melhor que
ninguém.
O autor ainda enquadra o sertanejo universitário como "música dançante feita para gente descerebrada", como se dançar fosse uma atividade menor por não utilizar de recursos intelectuais. Como se todos que gostam de dançar sejam mais burros do que quem prefere ficar em casa lendo livros. Acham que inteligência é acúmulo de conhecimento, enquanto que a verdadeira inteligência é saber viver. Ser inteligente é ser esperto, no sentido mais positivo do termo. Quem sabe conhecer a teoria das
múltiplas inteligências de Howard Gardner ajudaria a compreender melhor a diversidade das habilidades humanas, sem colocá-las numa escala infantil de
melhor x
pior.
E dançar é MUITO bom, justamente porque desliga um pouco o cérebro dos problemas cotidianos.
O mais triste é ver os muitos comentários ao texto aqui citado de gente que concorda com essa visão preconceituosa, numa verdadeira
confraria, onde os participantes se reúnem e ficam se congratulando por serem
superiores.
Lembrei muito da
Rachel Sheherazade dando a entender que funk não é cultura, só porque ela não gosta do estilo.
Ronaud Pereira
Publicado em www.ronaud.com/bom-senso/se-eu-nao-gosto-entao-nao-presta/