Atualmente o design é algo que já não é o foco do meu trabalho, mas gostei dessa observação, porque você sai do design, mas o design não sai de você:

John Sculley, CEO da Apple na década de 1980, continuou a prestar atenção na organização, apesar de não ter relacionamento com a empresa há anos. “Tudo na Apple pode ser bem mais entendido por meio das lentes do design”, ele disse para Leander Kahney, editor do blog Cult of Mac, com foco na Apple, no ano 2000. Ele relatava a história recente de um amigo que tinha reuniões na Apple e, assim que os designers entravam na sala, todo mundo parava de falar, porque os designers são as pessoas mais respeitadas da organização. É só na Apple que o design se reporta diretamente ao CEO. No mesmo dia, mais tarde, era a vez da Microsoft. Quando chegávamos para a reunião na Microsoft, todo mundo falava; então, a reunião começava e nenhum designer jamais entrava na sala. Todo o pessoal técnico estava presente, tentando acrescentar ideias daquilo que deveria ser o design. Essa é a receita do desastre”

Trecho do livro Nos Bastidores da Apple, de Adam Lashinsky

Eu SEMPRE fui muito crítico ao design, desde a época da Universidade. Mas minha crítica nunca foi ao design propriamente dito, cuja atuação efetiva numa empresa pode levá-la ao topo do sucesso, como de fato levou a Apple.

Minha crítica sempre foi ao modo como as pessoas vêem o design, em especial no Brasil. O empresariado brasileiro ainda é tão primário em sua visão de mundo, que deixa de progredir ainda mais por não conhecer, e muito menos valorizar, áreas fundamentais como é a área do design. Até onde consegui compreender, é impossível prosperar no Brasil como designer, na forma de profissional liberal, que é a proposta da faculdade na qual me formei, em especial na área do design industrial.

Enfim, John Sculley confirma que o problema não está nas possibilidades do design, e sim, na ignorância das pessoas em relação a essas possibilidades.