Um dos grandes feitos que a internet me proporcionou foi entrar em contato, mesmo que apenas textualmente, com gente completamente diferente de mim e que sobretudo, pensa de forma completamente diferente de mim e das pessoas que fazem parte do meu mundinho. Já me deparei com gente de tudo quanto é ideologia nesses últimos anos e aprendi muito.

Porém, como já disse aqui n vezes, tenho aversão a rótulos. Assim, se é pra escolher um, adotaria o rótulo de espiritualista, mais por oposição do que por identificação, pois a única certeza que tenho é que materialista (filosófico) é que eu não sou, muito menos religioso.

Entretanto entendo e aceito que a decisão e postura filosófica mais razoável que alguém pode adotar é, de fato, o ateísmo. Pois a razão até hoje não comprovou a existência concreta de Deus, especialmente o deus cristão.

Céticos e e ateus adotam a razão e a lógica como critérios para suas posturas e, de acordo justamente com esses critérios, estão certíssimos e nós, crentes e espiritualistas, errados.

Porém espiritualistas como eu, e também agnósticos (e mais ainda os religiosos, de maneira inconsciente), supomos que a razão – como a conhecemos e utilizamos no dia-a-dia – não abarca toda a existência. A razão é especialmente útil para manipularmos o mundo, progredindo tecnologicamente e melhorando nossas condições de vida e até mesmo, por que não, de entendimento da vida.

Mas ela tem um limite. A razão comum não dá conta de lidar com toda essa miríade infindável de manifestações meta-físicas e extra-sensoriais relatadas diariamente. Gente muito séria já ficou sem o ter o que dizer diante do inexplicável. Provas do insondável nós não temos (justamente porque é insondável, dãããã 🙂 ), mas convenhamos, há muitas e muitas e evidências.

Uma observação a respeito dessa inconstância e até mesmo… insuficiência da razão comum como critério para entendimento da existência me ocorreu durante a leitura do incrível O Universo Elegante do físico Brian Greene. Durante a leitura o autor nos demonstra que a razão e a lógica, que funcionam de um tal modo que conhecemos muito bem no nosso nível existencial, são completamente outras no nível macroscópico do espaço abordado pela Teoria da Relatividade de Einstein, permitindo inclusive, teoricamente, viagens no tempo. E Brian Greene demonstra também que a mesma razão que se comporta de um jeito no macrocosmo e de outro nos limites humanos, se comporta ainda de outra forma no nível ultramicroscópico, ou quântico, onde se encontram fenômenos absurdamente impossíveis em nosso nível espacial, como não-localidade, incerteza, superposição e saltos quânticos (clique e entenda melhor).

A própria teoria das cordas abordada no livro é tão inimaginavelmente extraordinária, com seus literais universos de possibilidades, que ater-se a uma única visão de mundo materialista após tal leitura é como insistir no erro de forma dogmática, é como comprazer-se na falta de imaginação, é como preferir trancar-se em casa com medo do mundo vicejante lá fora.

Veja que não estou dizendo que a razão comum não atua nos níveis macrocósmico e microcósmico. Atua, não sem antes necessitar de mega-desdobramentos capazes de fundir os cérebros mais extraordinários que já andaram sobre este planeta. De modo que para poder, algum dia, explicar e abarcar todo e qualquer nível da existência humana e universal, terá muito mais ainda de ser desdobrada. Ou seja, não será com seu raciocínio lógico – do qual sei que você sente aquele orgulhinho bobo – que você conseguirá encontrar a verdade.

A grandeza do universo me soa como uma obviedade – a de que há muito mais por ser descoberto, ou então o universo é, de fato, de acordo com Carl Sagan, um grande desperdício de espaço. E (o) ser humano é, de fato, um grande desperdício de energia e empenho.

Após me forçarem a dispensar a razão como critério para assimilação da condição existencial humana e universal, estas constatações só podem me deixar num estado: O de abertura. Não sei exatamente no que acredito. Mas posso citar um ponto: Acredito que há muito mais possibilidades nesse universo do que nossos limitados sentidos – e quem sabe, raciocínios – podem perceber ou detectar.

Veja também

Textos sobre crenças.