Não tem jeito, de uma forma ou de outra todos nós somos vulneráveis às condições externas de nossa vida.

Sempre que você procurar algo sobre autoestima, vai encontrar autores afirmando com base na opinião de… especialistas… que “a verdadeira autoestima não depende de fatores externos”.

Hum, só se for a autoestima de monges budistas e outros eremitas que vivem (e conseguem viver) alheios à vida. Essa é uma autoestima impossível para eu e você que vivemos imersos na sociedade.

É claro que a autoestima depende de fatores externos. Um bom trabalho, um bom salário, uma boa companhia, um belo carro na garagem, um visual satisfatório, desafios superados, enfim, deixam qualquer um feliz da vida. Vejo que a harmonia interna depende diretamente da harmonia externa e que não há como ser diferente. Ao menos, não para a maioria de nós.

Acho meio utópica essa mensagem idealista de que devemos ser capazes de nos sentir em paz internamente mesmo que tudo em volta vá mal. Nem sempre dá! Acredito fortemente que a paz interior – e portanto, nossa autoestima – é resultado justamente da harmonia externa, aquela que observamos nas coisas, pessoas e fatos que representam nossos valores. Acho que nada supera a sensação de paz e plenitude que aquele sentimento de competência em dar conta da vida pode nos proporcionar.

Há coisas na vida que dependem diretamente da nossa iniciativa para irem bem. Então de pouco adianta ficar tentando se harmonizar por dentro se não se consegue dar conta da própria vida em seus aspectos mais práticos.

Alguns exemplos

Se você está descontente com seu corpo, em vez de tentar aceitá-lo como é, será que não será mais efetivo VENCER A PREGUIÇA e começar a se exercitar em alguma academia? Já reparou na energia boa das pessoas que se exercitam regularmente e no orgulho com o qual exibem o corpo e a saúde?

Se você gosta de se exibir (sem julgar se isso é certo ou errado) e tá com aquele carrinho velhinho. Em vez de ficar aí se conformando com sua situação, não valeria mais a pena se esforçar e comprar um carro novo? Vai ver se o pessoal que passeia orgulhoso com seus carrões está preocupado com os juros que estão pagando, ou com a poluição que estão gerando, ou com as criancinhas que morrem de fome na África. Eles querem mesmo é aplausos. E daí?

A questão aqui é o dilema conformação x luta.

Outro exemplo: Você está há anos nesse seu empreguinho entediante e sem sentido. E você fica aí tentando se conformar e se justificar encontrando argumentos (sempre furados) para continuar e deixar tudo como está. Esse é o fator externo que não vai bem. O que é melhor: Ficar fazendo orações pedindo paciência pra Deus, e indo em cartomantes vendo se elas aparecem com alguma esperança, e fazendo aulas de meditação tentando se harmonizar por dentro…

OU…

…batalhar por um emprego melhor?

Entenda: Dentro deste último exemplo, nem o melhor guia espiritual do mundo vai lhe proporcionar a autoestima e a sensação de paz interior que só um trabalho que você gosta pode lhe proporcionar.

É uma questão de objetividade. De parar de se enganar. De parar de negar o que mais queremos.

Cuide com os especialistas

É preciso tomar cuidado com a opinião de… especialistas. Suas teorias acadêmicas beiram muitas vezes o que o povo chama de “viagem”. Elas não tem praticidade nenhuma. Você lê um texto como o linkado aqui e simplesmente não consegue conclusão alguma sobre o que foi dito. Porque não é prático, não há sugestões de atitudes possíveis, apenas considerações filosóficas.