Uma questão indissolúvel em nossa natureza mais humana é o paradoxo desejo x liberdade.
Todos almejamos viceralmente a mais ilimitada liberdade. Para podermos desejar o que quisermos. Mal sabendo que é justamente o desejo nosso maior aprisionador.
Se as portas parecem fechadas é porque seus desejos são muitos. Se não tivesse nenhum desejo, não notaria as portas fechadas. Autor desconhecido
Já reparou que você é escravo de seus desejos? E que consequentemente quanto menos você desejar, mais livre será? Quero dizer que quanto menos você desejar, seja o que for, dinheiro, viagens, objetos de toda ordem, mais livre será porque se sentirá menos compelido(a) a mobilizar seus recursos de energia e tempo para a obtenção do seu objeto de desejo.
Esse é o único argumento consistente que encontro contra qualquer conversa apoiando a corrida atrás do dinheiro.
Dizem que o dinheiro é divino, que o dinheiro é abençoado, que ele permite um nível de vida prazeroso que não é possível de outra forma. Sim, eu concordo e quem acompanha meus textos sabe que falo bastante sobre o dinheiro aqui, e positivamente. E discorro sobre o dinheiro sob o viés de que você é o único responsável por sua obtenção.
Sim, pois bem… Desde que – citando um texto meu mesmo – seja natural para você correr atrás do tal dinheiro exercendo uma atividade de seu gosto. Por outro lado, se não for, você estará sendo meramente um escravo de seu desejo pelo dinheiro. Ou pelas coisas que ele puder te trazer.
Sim é um assunto complicado cuja resolução, como dito no início, me parece quase impossível. Porque sempre queremos os dois: A liberdade de desejar e o objeto de desejo. Se há alguma solução para esse nosso dilema diário é o equilíbrio aliado ao auto-conhecimento. Vale a pena refletir e ver se seus objetivos de vida não contemplam metas que estão além de suas possibilidades – e mais – além de sua natureza íntima.
Se sua ocupação (e as responsabilidades que fazem parte dela) for natural para você, se condizer com sua vocação, e com isso você conseguir rendimentos razoáveis, então você não se sentirá oprimido. Caso contrário, se tiver que “aguentar” circunstâncias que no fundo te desagradam em nome de status, prestígio, posses, poder aquisitivo, etc, talvez esteja no caminho errado. Reflexão e auto-conhecimento a respeito do que é riqueza, para você, de verdade, são sempre convenientes. A maior riqueza que você pode adquirir é ser você mesmo, no sentido de poder manifestar o melhor de si mesmo, e de viver à sua própria maneira. Mas como todo tesouro, não é tão fácil assim encontrar. Requer experiência e auto-conhecimento, e a gente só adquire experiência e se conhece vivendo, tentando, aprendendo…
Rafael
21 de junho de 2011 as 17:00
Olá Ronaud!!
Estou lendo seus artigos antigos e estou aprendendo bastante coisa. Segui sua sugestão e li todos os artigos do Alex Castro da prisão dinheiro. Gostei muito de ver uma visão diferente das coisas lendo o blog de vocês.
Pelo que eu entendi, o Alex Castro não se importa com o futuro, o cara vive o presente, quer dizer, ele não pensa em guardar dinheiro para a aposentadoria, é isto mesmo? Confesso que de certa forma admiro a vida do cara, mas eu já prefiro abrir mãos de certas coisas no presente para enfrentar melhor o futuro. Já que a gente não sabe o nosso dia final, acho que deveriamos guardar um pouco de dinheiro sim. O que você pensa sobre isso Ronaud?
Outra coisa Ronaud, nos últimos anos me interessei bastante pelo comportamento das pessoas, e tenho bastante interesse no tema mente-corpo. Ronaud, sei que não tem muito a ver com este artigo, mas você já escreveu algo a respeito de pessoas que nos conhecem do lugar onde moramos ou trabalhamos, mas não cumprimentam a gente quando nos encontram na rua. Por exemplo, no prédio onde moro, mora uma moça já faz uns 3 anos, e quando encontro ela na entrada ou nos corredores, a gente se cumprimenta, agora quando ela passa por mim na rua, ela nunca me cumprimenta, finge que não vê. O engraçado é que quando ela me encontra na rua com o namorado dela, e ele me cumprimenta, aí ela cumprimenta. Não sei se já aconteceu isso contigo, mas eu gostaria de tentar entender o porquê disso. Eu nunca fiz nada de mal para ela. E eu sou meio egocentrico, quando isso acontece, me dá tipo um aperto no coração sabe, minha respiração se altera por poucos segundos, mas depois tudo volta ao normal. Acho que o melhor seria nem ligar para isso né, mas tenho uma curiosidade de tentar entender porque isso acontece. Você tem alguma idéia ou já escreveu algo a respeito?
Desculpa o comentário comprido aí Ronaud. Forte abraço.
ronaud
21 de junho de 2011 as 17:19
Tudo bem, comentários educados e inteligentes sempre são bem-vindos!
Sobre o Alex, acho que são opções de vida. Não tem certo ou errado nisso, apenas escolhas e consequências. Também admiro muito a postura e o desprendimento dele, e procuro não me apegar muito a coisas e a pessoas, mas no nível dele não é pra mim rs
Quanto ao futuro, sempre penso naquela fábula da cigarra e da formiga. A cigarra curte a vida e se ferra no inverno. A formiga vive pra trabalhar, de modo que não “vive” e nunca sabemos quem está certo. Quem sabe apostar num meio termo não seja o caminho? Pensar um pouco no futuro sem esquecer do hoje, afinal o dia tem 24 horas, suficientes para se fazer de tudo um pouco…
Quanto a menina cara… é engraçado, porque aqui onde moro tem uma atendende do caixa da panificadora que também não cumprimenta ninguém quando entra e nem diz obrigado quando pagamos e vamos embora. Sério, eu estranho muito essa secura toda, porque até eu mesmo que não dou dado a formalidades acho que um bom dia, um obrigado fazem o dia das pessoas melhor.
No seu caso, parece que tens uma quedinha pela menina, mas se eu fosse vc não ligava não, as pessoas reagem de modos estranhos mesmo, adotam regras próprias, e tentar entendê-las não vai levar a lugar algum… No caso dela, mulher, é complicado né, vai ver ela tem medo de dar sinais de abertura, ou de passar um falso interesse… Pode ser um tipo de auto-defesa… Na verdade ela tá sendo bem transparente, pelo que entendi… No ambiente de convivência é cordial, já na rua demonstra claramente que não tem nada a ver contigo (vai saber)… Sei lá, é mais ou menos isso que entendi…
Rafael
23 de junho de 2011 as 16:50
Olá Ronaud!!
Obrigado por responder. Quanto a menina, aparentemente ela não é daquelas que “faz o meu tipo”, mas vai saber, o inconsciente é soda. Ronaud, você não pensa em “virar escritor”?? Eu tenho lido seus textos, e acho que você tem uma incrível capacidade de resumir coisas complexas em poucas frases, digo, me parece que você consegue botar no papel exatamente aquilo que pensa de uma forma de fácil compreensão. Sério mesmo. Nunca pensou nisso??
Forte abraço.
ronaud
23 de junho de 2011 as 17:42
Oi Rafael
Pois olha! Já pensei sim. É provável que isso aconteça ao longo do tempo… Já tenho o esboço de um livro aqui que tenho continuado aos poucos. Tenho me interessado muito atualmente em temas relacionados ao “bem escrever”. Estou me preparando, digamos assim. 🙂 Até lá acho que se pegar só os melhores textos desse blog já dá um livro bem interessante.
Bianca
08 de junho de 2012 as 10:54
Bom, assunto complicadíssimo esse de dinheiro….rs…
Mas, sabe, o dinheiro é liberdade tbm, justamente pelo que ele permite que façamos, entende? O problema que para ganhá-lo (na maoria das vezes) se trabalha muito, aí sim pode-se falar em uma certa prisão…mas sei lá…ainda assim acredito que vale a pena trabalhar e curtir, divertir-se, aproveitar a vida….rs…é oq ue chamamos de equilíbrio….rs…
E quanto ao futuro, é necessário pensar nele!
bjs!