A amiga Carolina publicou hoje em seu mural, no facebook, a seguinte frase:

Ninguém aprende a nadar por correspondência. É preciso entrar na água e treinar muito…

Sem querer ela tocou num assunto que a bastante tempo tem me tomado a atenção. É sobre esse equívoco que muitos intelectuais cometem de pensar que se pode saber tudo através de livros. De que basta uma biblioteca em casa para se saber das coisas. De que ter uma opinião formada sobre o assunto do momento é o que basta para uma vida plena.

No livro As Vidas de Chico Xavier, a certa altura da história, diante do interesse de Chico em estudar psicografia, seu guia Emannuel se sai com essa:

Se a laranjeira quisesse estudar o que se passa com ela na produção das laranjas, com certeza não produziria fruto algum.

Livros são legais, a leitura expande nossa visão de mundo, ler é fundamental. MAS… a leitura serve para a vida, não o inverso. Todo e qualquer conhecimento só encontra sua razão de ser na sua aplicação no dia-a-dia.

A não ser que você viva de escrever ou de lecionar, se você leu 50 livros no ano passado em busca de algum tipo de ajuda ou informação, e sua vida continua na mesmíssima situação, lamento informar, mas tem algo errado aí…

Tenho um exemplo pleno sobre esse assunto na família. Meu pai não chegou a terminar um único livro na vida, mas teve uma vida invejável, fez de tudo, experimentou tudo que quis, tem história pra contar. E muita história. Sua trajetória daria um belo livro, sem ter lido nenhum! E tenho certeza que você conhece alguém assim.

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Nos últimos tempos tenho sentido muito aquilo que já ouvi denominarem de “preguiça do mundo”. Sabe quando nada mais, ou pouquíssimas novidades lhe prendem a atenção? Pois é…

Não tem nada a ver com depressão ou coisa do gênero. Estou ótimo. O que tá pegando é o fato de que aos poucos vamos percebendo que apesar das infindáveis “novidades” diárias veiculadas na imprensa, o mundo continua exatamente o mesmo. Principalmente sob o aspecto humano, não há nada de novo sob o sol

Acesso o site de três jornais e bocejo. Uma ou outra notícia me chama a atenção e ao clicar para se aprofundar no assunto, mal consigo lê-la por inteiro. A sensação é de que já vi aquela notícia de alguma forma em algum outro lugar, em algum outro momento.

Espantoso como nos enganamos. Procuramos assuntos que nos interessam em jornais, revistas, programas televisivos. Não enxergamos que o bom desses assuntos, sejam quais forem, é estarmos vivenciando-os, praticando-os, mergulhando neles. Não aprenderemos efetivamente qualquer tarefa lendo sobre ela ad-infinitum. No entanto, toda a imprensa e toda a comunicação midiática contemporânea se baseia nesse consumo por informação; e tais consumidores levam essa informação a sério, sem perceber que tudo não passa de entretenimento.

As crianças e seus brinquedos. Os homens e suas opiniões. Heráclito

Acho que o homem de verdade – ou a mulher de verdade – é aquele(a) que pode gostar imensamente de qualquer assunto, sem porém jamais perder de vista quai resultados práticos tal gosto lhes traz. Visão de conjunto. Informação por informação, conhecimento por conhecimento, meramente, não nos resolvem a vida. O que nos resolve a vida ainda é um grande amor, um belo prato de comida e muitas risadas entre amigos (e saber de que forma os conhecimentos e informações que assimilamos nos ajudam a alcançar esses propósitos).