Autores como Regina Navarro batem na tecla de que a paixão, também vista como amor romântico é um tipo de postura sentimental artificial, isto é, uma criação da cultura idealista contemporânea, e que, devido aos supostos prejuízos emocionais causados aos envolvidos, pode (e deve) ser evitado, em preferência a um amor mais aberto e amigo.

Acho um assunto difícil. Por um lado, sei do sofrimento que o amor romântico causa nas pessoas, devido à idealização que promove do outro e da inevitável frustração que decorre da idealização. Afinal, nenhum de nós, com toda a nossa inconstância, merece o título de ideal de outro.

Acredito sim que o romance pode fazer sofrer, pode ser um sonho que de uma hora para outra se desfaz com a visita da REALIDADE.

Enfim, o romance pode não passar de uma GRANDE ilusão.

Mas por outro lado, tenho me convencido que o romance, como uma das muitas características que nos diferenciam dos animais, é das poucas formas de se viver a vida profundamente. Porque de outra forma, sem ir tão fundo nas relações, estaremos vivendo justamente como… animais.

Talvez essa nossa capacidade de sonhar, idealizar e se esforçar para manter esse ideal valha a pena.

Pode não dar certo, e é certo que pode acabar.

Mas vale cada segundo vivido, cada sensação de se estar pisando no paraíso.

E deve ser vivido eternamente, enquanto durar.

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Veja também: Foi bom enquanto durou.